Aspectos audiológicos da gagueira: evidências comportamentais e eletrofisiológicas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Gonçalves, Isabela Crivellaro
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5162/tde-15082014-142113/
Resumo: INTRODUÇÃO: A gagueira é um distúrbio da fluência multidimensional que resulta da interação de múltiplos processos fisiológicos, refletindo mais de um fator causal. Evidências científicas atuais sustentam a hipótese de que pessoas que gaguejam possuem conexões anômalas em regiões auditivas do hemisfério esquerdo, envolvidas no feedback sensorial dos sons da fala. Desta forma, é prudente pensar que déficits na sincronia neural, identificados por meio de alterações em testes comportamentais do processamento temporal e nos potenciais evocados auditivos (PEA), possam estar relacionados a este tipo de distúrbio. OBJETIVO: caracterizar os resultados do teste Gaps in Noise (GIN) e dos PEA com estímulos de diferentes complexidades em crianças gagas e em crianças em desenvolvimento típico. MÉTODOS: Dez crianças gagas com idades entre sete e 11 anos (grupo estudo - GE) e seus pares nãogagos (grupo controle - GC) foram submetidos a avaliações audiológicas e eletrofisiológicas da audição por meio dos seguintes testes: medidas de imitância acústica, audiometria tonal, logoaudiometria, teste GIN, potencial evocado auditivo de tronco encefálico (PEATE) com estímulos clique e de fala e potencial evocado auditivo de longa latência (PEALL) com estímulo tone burst e de fala. Os resultados obtidos no GC e GE foram comparados por meio de testes estatísticos. RESULTADOS: Ambos os grupos apresentaram resultados normais no teste GIN, de acordo com os critérios de normalidade adotados, contudo, observou-se melhor desempenho no GE. Não foram encontradas diferenças significantes entre os grupos para os resultados do teste GIN. No PEATE com estímulo clique, todos os sujeitos avaliados apresentaram resultados dentro dos padrões de normalidade. Observou-se no GE maior variabilidade nos tempos de latência, bem como tendência à diferença estatisticamente significante entre as orelhas direita e esquerda para o interpico I-III. No PEATE com estímulo de fala, verificaram-se valores de latência da onda C e de amplitude do complexo VA significantemente maiores no GE. No PEALL com estímulo tone burst não foi observada diferença estatisticamente significante entre os grupos. Contudo, observaram-se alterações (ausência de componentes do PEALL) em três sujeitos do GE e em um do GC. No PEALL com estímulo de fala, em ambos os grupos, verificou-se diferença estatisticamente significante entre as orelhas direita e esquerda no que tange a latência da onda N2 e amplitudes P2-N2 e da onda P300. Foram observadas alterações (ausência de componentes do PEALL) em um sujeito do GE. CONCLUSÃO: Embora não tenham sido verificadas alterações de resolução temporal no grupo de crianças gagas por meio do teste comportamental realizado, os resultados dos testes eletrofisiológicos sugerem a presença de diferenças nos processos neurais envolvidos no processamento da informação acústica, entre crianças em desenvolvimento típico e crianças gagas, principalmente em se tratando de elementos de maior complexidade, como a fala