Avaliação dos fatores de risco cardiometabólicos e sensibilidade à insulina pelo clamp euglicêmico-hiperinsulinêmico na síndrome de resistência aos hormônios tireoidianos tipo β

• Ano de defesa: 2024
• Autor(a) principal: Hajj, Pryscilla Moreira de Souza Domingues
• Tipo de documento: Tese
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
• Palavras-chave em Português: Cardiovascular risk; Clamp euglicêmico-hiperinsulinêmico; Hyperinsulinemic-euglycemic clamp; Insulin sensitivity; Interleucina-6; Interleukin-6; Resistência ao hormônio tireoidiano β Risco cardiovascular; Sensibilidade à insulina; Thyroid hormone resistance β
• Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17138/tde-26092024-131659/

Introdução: Sensibilidade Reduzida aos Hormônios Tireoidianos refere-se a um grupo de distúrbios que prejudicam a eficácia dos hormônios tireoidianos (HT) e inclui defeitos na ação, no transporte celular e no metabolismo desses hormônios. A categoria mais comum é a resistência à subunidade beta do receptor do hormônio tireoidiano (RTH&beta;), uma síndrome caracterizada pela redução da ação do T3 em nível celular e tecidual. Trata-se de doença rara, que afeta igualmente os sexos e tem ampla distribuição étnica e geográfica. Os hormônios tireoidianos estão envolvidos na regulação da composição corporal, no metabolismo em geral e, quando alterados, promovem resistência à insulina. O objetivo desse estudo é avaliar o grupo de pacientes com RTH&beta; acompanhados na Divisão de Endocrinologia e Metabologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP e avaliar a presença de fatores de risco cardiometabólicos e de resistência à insulina nessa síndrome. Materiais e métodos: Foram estudados 16 pacientes com RTH&beta; e os parâmetros clínicos e metabólicos foram comparados a indivíduos controles pareados para idade, sexo e índice de massa corporal. Os indivíduos estudados foram avaliados por antropometria e amostras de sangue foram colhidas para as dosagens de glicemia, lipídios, insulina, interleucina-6 (IL-6), fator de necrose tumoral-&alpha; (TNF--&alpha;), leptina e adiponectina, proteína c-reativa ultrassensível, tiroxina livre (T4L), triiodotironina total (T3T), hormônio tireoestimulante (TSH) e anticorpo anti-peroxidase (anti-TPO). Também foram avaliados os percentis de gordura e massa magra pela técnica de bioimpedância (BIA) e os percentis de gordura do tronco e periférico pela técnica de absorciometria de raios-X de dupla emissão (DXA). A avaliação da sensibilidade à insulina foi realizada em pacientes e controles adultos com o clamp euglicêmico-hiperinsulinêmico (CEH); HOMA-IR foi calculado em todos os indivíduos estudados. Resultados: as idades médias (em anos) de pacientes adultos e controles e crianças/adolescentes afetados e controles foram, respectivamente, 52,3 ± 16,3 vs 48,5 ± 16,6 (P=0,5) e 10,9 ± 3,9 vs 10,00 ± 3,08 (P=0,4). Pela análise univariada, não houve diferença entre a relação cintura-quadril e cintura-estatura nos grupos de adultos e crianças/adolescentes. Os pacientes adultos com RTH&beta; apresentaram colesterol total (P=0,04) e LDL (P=0,03) mais elevados do que os controles, mas nenhuma diferença nos níveis de triglicerídeos. Dois dos 8 pacientes adultos estudados preencheram os critérios para Síndrome Metabólica. Uma diferença significativa foi observada nos níveis de IL-6 entre pacientes RTH&beta; e controles (P<0,01). Encontramos correlação negativa entre IL-6 e massa magra avaliada pela DXA. Não houve evidência de resistência à insulina avaliada pelo HOMA-IR ou alteração da sensibilidade à insulina pelo CEH. Conclusão: Não demonstramos alteração da sensibilidade à insulina nos pacientes com RTH&beta; estudados, utilizando o método padrão-ouro, o CEH. No entanto, níveis mais elevados de colesterol total e LDL-colesterol foram encontrados em pacientes adultos, o que implica a necessidade de monitoramento controlado e contínuo do paciente para prevenir riscos cardiometabólicos aumentados nessa doença. Demonstramos pela primeira vez o aumento dos níveis de IL-6 em pacientes com RTH&beta;, como ocorre em outras doenças da tireoide, autoimunes ou não, como o bócio e o carcinoma de tireoide. Um número maior de pacientes deverá ser estudado para confirmar esses resultados.