Avaliação da analgesia preemptiva com ibuprofeno associado ou não à dexametasona em cirurgia de terceiros molares

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Bauer, Henrique Camargo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Dor
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/23/23147/tde-22122010-113743/
Resumo: Existe na literatura um número apreciável de trabalhos clínicos experimentais concernentes com a utilização de intervenções preemptivas objetivando abolir ou minimizar o desenvolvimento da hipersensibilidade central, decorrente do trauma cirúrgico possibilitando, como consequência, a otimização do controle analgésico pós-operatório. No entanto, considerando a contradição entre resultados apresentados, que não convergem em direção favorável a um consenso de ampla aceitação de utilização de intervenções preemptivas, desenvolvemos esse ensaio clínico, a fim de testar se a administração pré- operatória de ibuprofeno, isolado ou associado à dexametasona apresentaria vantagem relevante no controle da dor pós exodontia dos terceiros molares, comparado com a ausência de intervenção analgésica pré-operatória. Para tanto, foram selecionados 42 pacientes com inclusões simétricas dos terceiros molares. Esses pacientes foram aleatoriamente divididos em dois grupos: G1 recebeu apenas o ibuprofeno ou placebo, e G2 associação do ibuprofeno e dexametasona ou placebo. Todos os pacientes foram submetidos a dois procedimentos cirúrgicos, direito e esquerdo sendo que, um dos lados recebeu a medicação ativa e o outro placebo, de forma randomizada de modo que todos os pacientes funcionaram como controles de si mesmos (boca dividida). As demais medicações de analgesia pós-operatória, (associação de codeína mais paracetamol), fornecida como resgate, bem como a antibioticoterapia foram idênticas para todos os pacientes. As variáveis analisadas foram a escala visual analógica de dor (EVA) e o número total de analgésicos de resgate consumidos com os respectivos horários de ingestão durante as primeiras 72 horas do pós-operatório. Como resultados, não encontramos diferença estatisticamente significante para nenhuma das variáveis no o grupo 1. No grupo 2, houve diferença estatisticamente significante no consumo total de analgésicos de resgate (p<0,05) e, sem diferença estatisticamente significante para a EVA, embora a distribuição gráfica desses valores, especialmente quando associada à distribuição da ingestão de medicação de resgate, nos permita interpretar uma clara tendência de melhor controle analgésico no grupo experimental. Sentimos nitidamente a dificuldade em se estabelecer parâmetros ideais para aferição de controle analgésico, tendo em vista as limitações éticas e consequente obrigatoriedade da medicação de resgate que passa a ser, então, o parâmetro mais confiável, uma vez que a sua utilização aproxima as curvas de dor dos procedimentos experimentais e controles, podendo eventualmente até invertê-las. Pudemos concluir que a administração de ibuprofeno isolado no pré-operatório não tem potência analgésica suficiente para coibir os fenômenos de sensibilização central e hipersensibilidade desencadeados pela exodontia de terceiros molares mas, a associação dele com a dexametasona mostrou-se eficaz nesse sentido, resultando em menor consumo de analgésicos e na avaliação subjetiva de um pós-operatório mais confortável para 76% dos pacientes. A associação de diferentes drogas, com mecanismos de ação diferentes e que atuem em nichos distintos na via aferente dolorosa, denominadas intervenções multimodais, parece ser o melhor caminho para se alcançar uma intervenção suficientemente potente para inibir ou controlar os mecanismos neurais que levam à hipersensibilidade pós-operatória sem aumento da toxicidade e efeitos colaterais.