Perfil clínico e laboratorial de pacientes oncológicos internados com COVID-19 em UTI versus aqueles que permaneceram internados em enfermarias

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Leoni, Drieli
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
ICU
UTI
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22132/tde-09082024-094057/
Resumo: Introdução: A pandemia da doença do coronavírus de 2019 (COVID-19), causada pelo vírus da síndrome respiratória aguda grave do coronavírus 2 (SARS CoV-2), constituiu-se uma ameaça à saúde global. Os pacientes infectados pelo SARS CoV-2 podem ser assintomáticos ou apresentar sintomas leves, moderados ou graves, podendo inclusive evoluir para síndrome respiratória aguda grave (SRAG). Embora as evidências sobre os fatores associados a casos graves de COVID-19 ainda não sejam conclusivas, algumas comorbidades, variáveis demográficas e laboratoriais podem ser preditivas. Pacientes com câncer apresentam um estado de imunossupressão sistêmica pela doença e desta forma questionamos se há diferença no perfil clínico e laboratorial dos pacientes que necessitaram de internação em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) versus aqueles que permaneceram internados em enfermarias. Objetivo: Avaliar o perfil clínico e laboratorial de pacientes oncológicos internados com COVID-19 em UTI versus aqueles que permaneceram internados em enfermarias em um hospital especializado de São Paulo. Método: Estudo observacional, transversal e quantitativo, desenvolvido em um hospital público com atendimento exclusivo pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A população do estudo foi composta por pacientes internados na UTI ou nas unidades de internação, maiores de 18 anos e que apresentaram COVID-19 confirmado por Reação de Transcriptase combinada com a Reação em Cadeia da Polimerase (RT-PCR). Os dados foram coletados por meio de consulta ao prontuário tanto no dia da internação quanto no desfecho do caso. Foi elaborado um instrumento para coleta de dados contendo as variáveis sociodemográficas, clínicas, laboratoriais, exames de imagens e tratamentos antineoplásicos. Resultados: No estudo, foram incluídos 152 pacientes diagnosticados com neoplasia. Observou-se que 79,87% dos pacientes apresentavam neoplasias hematológicas, enquanto as demais neoplasias representavam 20,13% dos casos. Cerca de 70% dos pacientes estavam em tratamento, incluindo quimioterapia, cirurgia, radioterapia ou transplante, sendo que 51,9% desses pacientes estavam realizando quimioterapia. A média de idade foi de 59,8 anos para pacientes em enfermaria e 66,2 anos para aqueles na UTI, predominando o sexo masculino em ambos os grupos. As comorbidades mais prevalentes foram hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus e doenças cardiovasculares. Os sintomas e sinais mais frequentes incluíram febre, tosse, fraqueza ou astenia, dispneia e inapetência ou hiporexia. As variáveis associadas à internação na UTI foram idade (OR 1,02), pressão arterial diastólica (OR 0,96), frequência respiratória (OR 1,13) e saturação de oxigênio (OR 0,923), com a ureia (OR 1,02) sendo o único exame laboratorial associado à internação na UTI. A pressão arterial diastólica na admissão foi a única variável que se associou de forma independente à internação na UTI. Dos 88 pacientes admitidos na UTI, 79,5% necessitaram de ventilação mecânica, drogas vasoativas e sedação. Quanto ao desfecho, 10,9% dos pacientes internados em unidade de internação faleceram, enquanto 63,64% dos pacientes na UTI foram a óbito (p-valor < 0,0001). Conclusão: Concluímos que as variáveis de idade elevada, pressão arterial diastólica mais elevada, frequência respiratória mais elevada, saturação de oxigênio mais baixa e ureia mais elevada foram identificadas como fatores associados à necessidade de internação em UTI em pacientes infectados pelo COVID-19 na análise univariada, contudo apenas a pressão diastólica mais elevada manteve a associação na análise multivariada. Compreender essas associações é essencial para aprimorar a tomada de decisões clínicas e otimizar o manejo de pacientes oncológicos. Os resultados deste estudo fornecem uma visão detalhada dos fatores de risco que afetam a necessidade de internação em UTI, permitindo a identificação precoce daqueles com prognóstico desfavorável que requerem de cuidados intensivos.