Avaliação dos super-respondedores à terapia de ressincronização cardíaca na presença de bloqueio de ramo esquerdo e ausência de fibrose na parede póstero-lateral do ventrículo esquerdo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Sá Junior, Izaias Marques de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/98/98131/tde-27072020-143801/
Resumo: Fundamento: Pacientes com insuficiência cardíaca submetidos a terapias de ressincronização cardíaca (TRC) podem evoluir com padrões de resposta acima do esperado, com melhora extraordinária dos parâmetros clínicos e ecocardiográfios, os super-respondedores. Objetivo: Avaliar a taxa de super-resposta à ressincronização cardíaca desta população, na presença de bloqueio de ramo esquerdo (BRE) acima de 150ms e ausência de fibrose na parede póstero-lateral do ventrículo esquerdo (VE), bem como possíveis variáveis prognósticas relacionadas. Métodos: Estudo de coorte observacional, prospectivo, envolvendo 20 pacientes, consecutivamente submetidos ao implante do ressincronizador cardíaco em um Hospital Terciário da cidade de São Paulo, Brasil. Foi realizado o eletrocardiograma (ECG) de 12 derivações pré e pós-implante do ressincronizador. Foram adotados os critérios de BRE clássico, bem como o sugerido por Strauss, desde que acima de 150ms. Foi calculada a porcentagem (%) de redução do QRS inicial após implante. Todos os pacientes responderam ao teste de qualidade de vida Minnesota antes e 6 meses após a TRC.O ecocardiograma era realizado 1 mês antes do implante, sendo medidos: a função ventricular (FEVE), diâmetro átrio esquerdo (AE), volume sistólico final do VE (VSFVE), volume diastólico final do VE (VDFVE), diâmetro diastólico final do VE (DDFVE) e após 6 meses para avaliação da taxa de super-resposta à TRC. Foram também submetidos, pré-implante, a ressonância magnética do coração, a fim de afastar a presença de fibrose na parede póstero-lateral do VE bem como avaliar a carga fibrótica (%). Foram considerados super-respondedores os pacientes com redução > 30% VSFVE após 6 meses da TRC. Na avaliação estatística das possíveis variáveis prognósticas, foram realizados o teste exato de Fisher e o teste de Mann-Whitney. Resultados: A idade média foi de 58,20±8,79 anos, sendo 60% do gênero feminino, com média FEVE de 28,15±5,10%, ECG com BRE e QRS médio 162,15±7,86ms, BRE > 150ms com padrão Strauss em 90% dos casos, 90% com miocardiopatia não isquêmica, 10% com miocardiopatia isquêmica. Foram observados 12 casos de super-respondedores (60%). Quando comparados com os pacientes não super-respondedores, em relação às características pré-implante, os super-respondedores não apresentaram diferença de resposta quanto ao gênero (12 vs 8 p=0,67), idade (58,67 vs 57,7 p=087), teste de qualidade de vida Minnesota ( 55,50 vs 67,70 p=0,2), % de redução QRS inicial ( 21,16 vs 18,69 p=0,21), FEVE (29,25 vs 26,5 p=0,38), DDFVE ( 66,33 vs 67,67 p=0,83), VDFVE ( 211,16 vs 228,53 p=0,75), VSFVE (145,83 vs 167,00 p=0,75) diâmetro do AE (41,58 vs 43,63 p=0,45). Conclusões: A taxa de super-resposta à TRC (redução>30% VSFVE) desta população é de 60%, acima dos melhores resultados até então disponíveis na literatura (que atingem 38%). A tríade BRE com QRS > 150ms, padrão predominante de Strauss (90%), e ausência de fibrose na parede póstero-lateral, pode estar relacionada a esses bons resultados. Nenhuma outra variável analisada esteve associada a taxa de super-resposta à TRC (gênero, FEVE, % redução do QRS, DDFVE). Os super-respondedores são aqueles que mais se beneficiam da TRC, sendo fundamental aprimorarmos as variáveis prognósticas, oferecendo um curso mais favorável à terapia de ressincronização cardíaca.