Hedge accounting no Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Silva, Fernando Chiqueto da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12136/tde-27062014-182634/
Resumo: Esta tese é motivada pelas recentes alterações das normas contábeis brasileiras, as quais passaram a requerer o reconhecimento, no resultado, da volatilidade causada pela mensuração ao valor justo de instrumentos derivativos. A prática contábil hedge accounting (HA) possibilita eliminar tal volatilidade. Investidores cobram prêmio de risco por resultados mais difíceis de serem previstos (Allayannis & Simko, 2010; Rountree, Weston, & Allayannis, 2008; Graham, Harvey, & Rajgopal, 2005; Thomas & Zhang, 2002; Allayannis & Weston, 2001; Michelson, Jordan, & Wootton, 1995), o que leva à hipótese H1: O custo de capital próprio (CCP) das companhias brasileiras é negativamente associado com instrumentos financeiros designados para fins de HA. O impacto da adoção do HA na volatilidade foi analisado com base em testes de comparação de médias. A associação entre CCP e HA foi analisada com base na abordagem de dados em painel. A amostra foi definida pelas empresas que compõem o índice Ibovespa e o período pelo intervalo de 31/12/2008 a 31/12/2012 (17 trimestres). Os resultados revelam fortes evidências de que a adoção do HA resultou em diminuição da volatilidade. Verificou-se redução da média da volatilidade de todas as proxies de retorno analisadas: ROE trimestral, ROE anual, ROA trimestral e ROA anual (respectivamente, redução de 63,8%, 40,4%, 20,9% e 11,9%). Também, os achados revelam forte associação negativa entre o CCP e instrumentos financeiros designados para fins de HA. Análises adicionais corroboram a robustez dos achados. Programas de remuneração baseada em opções de ações (PRBOA) aumentariam os incentivos para a administração tomar risco, pois maior risco aumentaria o valor das opções (Smith & Stulz, 1985; Tufano, 1996; Supanvanij & Strauss, 2006). Tal conjectura conduz à hipótese H2: A probabilidade de adoção (PA) de HA é negativamente associada com PRBOA. A PA de HA foi estimada com base em modelo de regressão logística, compreendendo as 100 maiores companhias brasileiras abertas por patrimônio líquido. Verificou-se que a PA do HA é positivamente associada com PRBOA, o que contraria a hipótese de pesquisa, suportada pela teoria das finanças (Supanvanij & Strauss, 2006). Reportar resultados voláteis reduz o valor de mercado das ações devido à aversão a incertezas por parte de investidores e analistas (Allayannis & Weston, 2001; Thomas & Zhang, 2002; Graham et al., 2005; Hodder, 2006 et al.; Rountree et al., 2008; Allayannis & Simko, 2010). Portanto, ao adotar HA, a administração maximizaria sua remuneração, pois o preço da ação subjacente aumentaria com a diminuição da volatilidade dos resultados contábeis, o que justificaria tais achados. Os resultados também revelam que a PA do HA é positivamente associada com captações no exterior, retorno sobre ativos, faturamento em moeda estrangeira, tamanho, investimentos no exterior, nível de endividamento e quando a companhia é emissora de American Depository Receipts (ADR) ou instituição financeira. Meta de resultado projetada por analistas é um importante indicador de performance da administração (Graham et al., 2005; Choi, Walker, & Young, 2006). HA é uma prática contábil voluntária. Logo, a discricionariedade em relação à decisão sobre adotar ou revogar o HA leva à hipótese de pesquisa H3: Os efeitos contábeis decorrentes da designação e revogação do HA contribuem para maior aderência entre metas de resultado e o resultado contábil do trimestre em que ocorreu a designação inicial ou revogação da relação de HA. As técnicas estatísticas utilizadas foram análise descritiva e testes de comparação de médias. A amostra é definida pelas empresas que compõem o índice Ibovespa (período de 31/12/2008 a 31/12/2012). Para coleta manual dos dados foram revisadas 1.017 demonstrações financeiras. Não foram encontradas evidências de que a adoção inicial ou revogação do HA tenha contribuído para atingir oportunisticamente a meta de resultado projetada por analistas ou o resultado do mesmo período do ano anterior. Também não foram encontrados indícios de que empresas tenham mudado oportunisticamente o resultado contábil de prejuízo para lucro em virtude da adoção ou revogação do HA.