Teresa Benguela e Felipa Crioula estavam grávidas: maternidade e escravidão no Rio de Janeiro (século XIX)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Telles, Lorena Feres da Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-24072019-152856/
Resumo: Esta pesquisa investiga as experiências e trajetórias de vida de mulheres africanas e crioulas escravizadas que viveram a gravidez, o parto e a amamentação das crianças senhoriais e de seus próprios filhos na cidade do Rio de Janeiro, durante o século XIX. O período situado entre 1830 e 1888 encerrou um amplo processo de transformações das relações escravistas, abrangendo a disseminação da posse de escravizados na cidade até 1850, quando cessou definitivamente o tráfico com a África. A continuidade do regime passou a depender da escravização das filhas e filhos crioulos das mulheres cativas até a promulgação da Lei do Ventre Livre em 1871, que conservou os interesses senhoriais sobre as escravizadas e sobre a força de trabalho de seus filhos, chamados de ingênuos. Integrando-as ao complexo quadro da escravidão urbana e ao processo de mudanças das relações escravistas e de sua superação, esta tese se debruça sobre as vivências das africanas e crioulas com relação à autonomia sexual, à gravidez e aos partos, bem como sobre as práticas de amamentação e cuidado de seus bebês e crianças pequenas escravas, libertas e ingênuas. Procuramos compreender as visões de mundo, as sociabilidades e as estratégias mobilizadas por estas mulheres diante das dificuldades e restrições que o convívio próximo com seus senhores, seus projetos e suas demandas de trabalho destacadamente a ocupação de ama de leite impuseram ao cotidiano da gestação e do parto, e ao cuidado e sobrevivência de seus bebês. Recuperamos suas vivências integrando-as ao mundo social dos livres, cativos e libertos, africanos e descendentes, em laços de parentesco e amizade que constituíram redes de amparo fundamentais para mulheres que viveram a maternidade em embates permanentes com seus senhores e seus interesses.