Crianças em visitas familiares a museus de ciências: análise do processo de alfabetização científica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Scalfi, Graziele Aparecida de Moraes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-30092020-191540/
Resumo: Os museus de ciências oferecem um ponto de vista privilegiado para se estudar conversas infantis, possibilitando um registro detalhado de como as crianças e seus familiares interagem durante a experiência de visita. Embora saibamos pouco sobre como as crianças desenvolvem a alfabetização científica (AC) em ambientes de educação não formais, pesquisas em museus sugerem que as conversas que as crianças têm entre elas e com os familiares podem refletir e mudar o que entendem sobre a ciência. Diante desse panorama, o objetivo desta pesquisa foi analisar como o processo de alfabetização científica é expresso nos diálogos de crianças de 7 a 11 anos em visita familiar a dois museus de ciências brasileiros, o Museu de Microbiologia do Instituto Butantan (IBu) e o Museu de Ciência e Tecnologia da PUCRS. A pesquisa pautou-se na abordagem qualitativa. Os instrumentos de coleta de dados incluíram a observação, a filmagem, o questionário sociocultural e as entrevistas. A análise dos dados teve como principal orientação a ferramenta teórico-metodológica dos indicadores de alfabetização científica proposta por Marandino et al. (2018), a qual é composta por quatro indicadores Científico, Interface social, Institucional e Interação e seus respectivos atributos, seguido de uma análise de conteúdo. Os resultados apontam que todos os indicadores foram identificados, sendo os indicadores Interação e Científico os mais contabilizados, seguido dos indicadores Interface Social e Institucional. Portanto, o processo de alfabetização científica é presente no diálogo das crianças com suas famílias e os museus de ciências são espaços potencializadores dessa prática. No entanto, ressaltamos que dentro de um mesmo indicador há oscilações entre os atributos, ou seja, eles aparecem de forma desigual. Verificou-se, por exemplo, a ausência de diálogos que mencionassem pesquisas que estão sendo desenvolvidas ou que citassem instituições financiadoras de pesquisas. Um número pequeno de conversas fez referências a pesquisadores envolvidos no processo de produção da ciência, reconheceu a ciência como produção humana ou abordou alguma questão controversa da ciência. A forte presença dos indicadores Científico e Interação mostra que a experiência de visita precisa oferecer mais do que uma oportunidade para aprender fatos científicos e precisa oferecer o entendimento de como a ciência é produzida, partilhada e financiada. A compreensão de como a ciência está integrada na sociedade, incluindo seus aspectos morais e éticos contribuirá para o engajamento de crianças na discussão e na tomada de decisões de tópicos relacionados à ciência.