Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Barbosa, Adriana Marcia da Silva Cunha |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
|
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: |
|
Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5146/tde-10092024-122310/
|
Resumo: |
Existe uma forte associação, ainda pouco elucidada, entre a Esofagite Eosinofílica (EoE) e a alergia alimentar mediada pela IgE. Enquanto, na população geral, a prevalência de EoE atinge até 0,4%; em pacientes com alergias alimentar mediada pela IgE, essa prevalência chega a 4,7%. Sabe-se que a alergia à proteína do leite de vaca pode se manifestar através de diferentes mecanismos fisiopatológicos, podendo ser tanto um gatilho para inflamação eosinofílica, como também pode causar anafilaxia IgE mediada. Recentemente, tem sido constatado um agravamento na história natural de tolerância ao leite de vaca (LV) IgE mediada. Anteriormente, ocorria, em grande parte, por volta dos 5 anos. Atualmente, 79% dos pacientes atingem tolerância aos 16 anos. A imunoterapia oral para APLV IgE mediada emergiu como a alternativa terapêutica mais promissora para esses casos, porém, a presença de EoE é considerada uma contra-indicação e até mesmo uma possível complicação desse tipo de tratamento. Com a finalidade de entender melhor essa correlação entre alergia alimentar IgE mediada e EoE, analisamos um grupo de pacientes anafiláticos ao LV com presença de eosinofilia esofágica, n=18 (EE-APLV), e realizamos comparações clínicas, histológicas e imuno-histoquímica de expressão protéica de IgE, receptor alta afinidade de IgE, triptase e quimase de mastócitos, interleucina 4 e 13, TGF- e TSLP em esôfago de pacientes apenas anafiláticos ao LV (APLV), n=18, e com outro grupo de pacientes com EoE sem anafilaxia alimentar, n=7. No grupo EE-APLV, 11,1% (n=2) dos pacientes apresentavam sintomas típicos e persistentes de disfagia esofágica; 33,3% (n=6) apresentavam sintomas típicos, porém intermitentes; 16,6% (n=3) não apresentavam sintoma algum de disfagia e; 38,8% (n=7) eram oligossintomáticos. Apesar de a grande maioria (88,9%) não apresentar sintomas típicos frequentes que facilitam a suspeita diagnóstica precisa e precoce, não houve diferença estatística quanto ao pico de eosinófilos esofágico e escore histológico na comparação entre os grupos EoE e EE-APLV. Além disso, destaca-se o fato de que, dentre pacientes do grupo EE-APLV, os oligossintomáticos apresentaram maiores médias de escore histológico. Já na avaliação imuno-histoquímica, houve diferença significativa em relação à expressão de receptor de IgE High Affinity, IgE e triptase na comparação entre os grupos EE-APLV e APLV. Este resultado redireciona novamente para a apreciação da contribuição da IgE na patogênese e desenvolvimento da esofagite eosinofílica. Não houve diferença entre a expressão protéica de IL4, IL13, TSLP e TGF- na comparação entre todos os grupos, indicando que o grupo APLV, apesar de não apresentar eosinofilia esofágica, apresenta um background inflamatório sistêmico no trato gastrointestinal, em analogia ao conceito vias aéreas unidas, tornando-se necessária, em estudos prospectivos, o acompanhamento da evolução deste grupo. Além disso, o achado de uma maior marcação de IgE, receptor de alta afinidade e triptase no grupo EE-APLV em relação ao APLV, poderia explicar a observação de reações mais graves e com limiar reduzido ao leite neste grupo de pacientes anafiláticos com inflamação eosinofílica. Ademais, observou-se que TGF- e IL4 desempenham papéis possivelmente protetores no grupo EE-APLV, estando relacionados com menores escores histológicos e endoscópicos, diferentemente do conhecimento atual sobre a fisiopatologia da EoE. O fenótipo EE-APLV demanda atenção particular em virtude de sua propensão à infiltração eosinofílica latente e alterações histológicas consolidadas associadas a manifestações subclínicas, enfatizando a importância do diagnóstico precoce neste grupo, mitigando complicações fibroestenóticas. A fisiopatologia deste grupo parece apresentar características singulares, possivelmente implicando fatores protetores que contradizem nosso entendimento atual, sugerindo a necessidade de mais estudos e direcionamentos quanto abordagens de acompanhamento e terapêuticas distintas |