Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2010 |
Autor(a) principal: |
Maia, Mara Jane Sousa |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-09032010-094401/
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Resumo: |
A literatura infantil desperta um duplo interesse: a história narrada pelo texto verbal e a depreendida das imagens que ilustram as capas e as páginas. Enquanto o texto verbal pode levar o leitor a uma compreensão do mundo e de valores culturais e morais, o texto visual pode despertar os sentidos pela experiência estésica. Do escrito ao tocado, do lido ao experimentado, o aprendizado é feito sob diferentes materialidades e discursos. Este trabalho delimita-se a analisar cinco livros destinados ao público infanto-juvenil com ilustrações feitas pelo grupo mineiro de bordadeiros Matizes-Dumont: Exercícios de ser criança, de Manoel de Barros; A moça tecelã, de Marina Colasanti; Menino do rio doce, de Ziraldo; A bola e o goleiro, de Jorge Amado; A menina, a gaiola e a bicicleta/Céu de passarinho, de Rubem Alves e Carlos Brandão. A fundamentação teórica adotada para a análise desse corpus é a semiótica francesa, abarcando seus desdobramentos recentes, como a semiótica das paixões, a semiótica plástica, a enunciação e a tensividade. Os desdobramentos tensivos, por sinal, caminham livremente em todas as análises como efeito de sentido. A possibilidade de trabalhar com diferentes linhas de análise, demonstra a riqueza desse corpus que ora mostra sua força no texto verbal, ora ganha status de arte ao oferecer ao enunciatário/leitor uma gama de imagens que despertam o estético e o estésico. Temos, portanto, ao longo dos enunciados infanto-juvenis, a presença de diálogos plurilinguísticos e polissensoriais. A figuratividade, tão presente e marcante neste trabalho, segue as propostas de Denis Bertrand. Outro teórico relevante a esta pesquisa é Jean-Marie Floch, com suas linhas de pesquisa a respeito do visual/pictórico, ao inserir novas categorias (constitucionais e relacionais) de análise para o plano da expressão. Pela própria natureza dos objetos analisados, percorre-se o caminho do estético, já que este se manifesta mediante práticas cotidianas. Esse percurso apresenta um marco importante no livro Da Imperfeição, de Algirdas Julien Greimas, que analisa textos-objeto de valor estético, depreendendo seu sentido e seu caráter sensível, em que o plano da expressão passa a ser a força motriz da obra. As descrições do autor sobre alguns textos literários mostram a elasticidade do discurso, que vai além da superfície do texto. Ainda a respeito da questão plástica, outras fontes teóricas estão presentes com o intuito de enriquecer e expandir as análises, procurando sempre manter o intercâmbio entre a semiótica e outras propostas de análise do pictórico. Diante dessas informações técnicas das artes plásticas, que possuem sua linguagem própria, torna-se possível montar uma grade de leitura dos textos-objeto. Embora este trabalho trilhe pelo caminho da semiótica, tratar de textos infantis nos obriga a ter informações consistentes sobre o universo teórico da literatura. Daí o acréscimo de livros sobre este universo, incluindo obras específicas sobre literatura infantil, ilustração e diagramação. Dessa forma, dentro dos objetivos de examinar os mecanismos de construção do sentido em textos de literatura infanto-juvenis, cada livro é analisado de acordo com a teoria da semiótica discursiva ou a da semiótica plástica. Em A moça tecelã trabalha-se com as paixões no texto verbal com o intuito de apreender os efeitos de sentido de qualificações modais, aspectuais e estruturais que modificam o sujeito patemizado. Pela obra sincrética de Manoel de Barros são descritas as estratégias de enunciação, apontando os recursos utilizados para a construção de sentido nos textos verbais e visuais. A intertextualidade pontua o trabalho de Ziraldo ao dialogar com as obras infanto-juvenis do escritor norteamericano Mark Twain, acrescentando-se, na análise, as experiências estéticas relacionadas com as paixões. O último capítulo trata do imagético, fazendo um contraponto entre as capas dos livros A bola e o goleiro e A menina, a gaiola e a bicicleta/Céu de passarinhos, fundamentando-se em Floch e seus sucessores teóricos. Por meio dessas análises busca-se acrescentar aos estudos dos textos literários e plásticos infanto-juvenis possíveis mecanismos de leitura, tendo como ferramenta teórica a semiótica francesa. |