A influência da reforma psiquiátrica brasileira na formação dos médicos psiquiatras: convergências e divergências na prática do cuidado em saúde mental nas residências médicas nos serviços públicos do SUS

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Carneiro, Pedro Carlos da Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5137/tde-09112021-134037/
Resumo: Introdução: Diante do desafio das mudanças causadas pelo processo da Reforma Psiquiátrica Brasileira nas políticas públicas de saúde mental no país, urge saber, qual a influência que estas exercem na formação dos médicos nos programas de Residência Médica de Psiquiatria, considerando que existem poucos estudos associados aos programas de formação dessas residências, em particular, estudos baseados na escuta dos próprios residentes. Pressupõe-se que a qualidade da interação entre as propostas de formação efetivamente em curso em programas de residência médica em Psiquiatria e o processo mais amplo de Reforma Psiquiátrica são determinantes para o perfil do egresso e sua capacidade de trabalhar segundo o modelo de atenção por ela proposto. Objetivo: Identificar em que medida e de que forma os princípios, diretrizes e métodos propostos pela Reforma Psiquiátrica Brasileira influenciam a formação dos psiquiatras em programas de Residência Médica, segundo a compreensão dos próprios médicos residentes e de seus preceptores. Método: Trata-se de estudo qualitativo que investiga conteúdos e experiências promovidos durante a formação em 4 programas de Residência Médica de Psiquiatria. Foram entrevistados 16 sujeitos em 4 instituições públicas de formação sendo 2 programas em modelos centrados em hospitais-escola e outros 2 em modelos integrados, onde os residentes utilizam os serviços da RAPS (Rede de Atenção Psicossocial) como espaços para sua formação. Resultados: Os resultados sugerem que os 4 programas pesquisados citam princípios da reforma psiquiátrica em seus conteúdos teóricos. Nota-se, porém, que as oportunidades de práticas do modelo integrado propiciam uma formação mais convergente com os princípios da Reforma Psiquiátrica Brasileira. O estudo levantou, ainda, aspectos significativos da compreensão dos entrevistados sobre temas relacionados ao ideário da Reforma Psiquiátrica, observando-se uma preocupação com o cuidado integral, não centrado apenas nos diagnósticos e sintomas, mas na singularidade e no andar a vida dos sujeitos; a crítica à medicalização, seja na forma do uso abusivo de medicação, seja como interferência em demandas não especificamente médicas; a importância de experiências interdisciplinares em equipes multiprofissionais e uma proposta da superação de uma cultura manicomial que vai além da institucionalidade dos serviços, mas que opera nos processos cotidianos de normalização social e sua correlata racionalidade científica. Conclusão: Conclui-se pela relevância da diversidade de espaços de prática, com destaque para a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), e do contato interprofissional para a formação dos médicos psiquiatras. Recomenda-se, ainda, a ativa reflexão e discussão com os residentes de temas chave como: cuidado, integralidade, medicalização, institucionalização e relações entre saúde mental e racionalidade científica biomédica