Aspectos acústicos da fala na representação teatral das emoções

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Vassoler, Aline Mara de Oliveira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-03102011-105152/
Resumo: Este estudo investigou a diferenciação das emoções por meio dos aspectos acústicos da fala na representação teatral das emoções no Português Brasileiro (PB), sobretudo o comportamento da frequência fundamental (F0) e os aspectos entonacionais das quatro emoções: alegria, raiva, medo e tristeza, e da fala neutra. Embora o conceito de emoções seja de difícil definição, buscaram-se subsídios teóricos em consagrados autores como SCHERER (1985), EKMAN (1984), DESCARTES (1998), e alguns representantes da Semiótica da Paixão como GREIMAS; Fontanille (1993). Os primeiros relatos sobre as emoções trazidas por Descartes (1998), conhecidas como paixões, mostravam inferências fisiológicas ainda imaturas, no entanto de grande valor descritivo. A F0, a intensidade de voz, a velocidade de fala (LAUKKA, 1994) e a energia espectral (BANSE; SCHERER (1996) são os parâmetros mais relacionados com as emoções, já que são valores que expressam as mudanças respiratórias, fonatórias e articulatórias do indivíduo. A entonação da fala, representada acusticamente pela variação da F0, é também utilizada frequentemente na diferenciação das emoções, pois está relacionada com a expressão vocal do falante. A amostra de fala foi produzida por três atrizes profissionais com idade entre 40 e 50 anos, com média de 20 anos de profissão. As vozes foram gravadas no laboratório Estúdio Multimeios do Centro de Computação Eletrônica da Universidade de São Paulo (CCE-USP), captadas pelo software de edição de som Sound Forge 9. As atrizes leram o texto (corpus) com fala neutra e interpretando as emoções alegria, raiva, medo e tristeza, com repetição de cinco vezes para cada interpretação e para a fala neutra, totalizando 25 gravações para cada atriz. Buscou-se apoio na teoria dos simulacros, sustentada pela Semiótica das Paixões, para fundamentar a escolha da emoção representada por atores, em vez da fala espontânea e da emoção evocada. O corpus - texto escolhido para ser lido pelas atrizes nessa pesquisa - já fora utilizado por FIGUEIREDO (1993), e uma das motivações da escolha se deve ao fato de se tratar de um texto árido, que não evoca emoções apenas com a sua leitura. Foi necessário segmentar o texto para unidades linguísticas menores (três sentenças) com a finalidade de analisar os dados de forma mais eficaz. O embasamento teórico para essa etapa da pesquisa, a segmentação do texto, é a Fonologia Prosódica proposta por Nespor e Vogel (1986). A fim de obtermos os valores de F0, as sentenças foram segmentadas como unidades ainda menores (sílabas). Para obtenção dos valores da F0 e da curva entonacional, utilizou-se o software Praat. 5.1.23 e seus scripts correlacionados. Os dados foram submetidos à estatística descritiva. As atrizes SL e KK interpretaram a alegria na faixa de frequência mais alta, em seguida, a raiva. Apenas a atriz AA interpretou o medo com valores de média de F0 mais altos e depois a alegria. Em geral, a tristeza manteve-se com valores de F0 mais baixos que todas as emoções, inclusive da fala neutra. O comportamento da F0 corrobora a literatura pesquisada. Por meio do estudo da entonação das sentenças nas quatro emoções e na fala neutra, foi possível identificar a interferência da emoção nos aspectos linguísticos da sentença, principalmente no medo, já que o esperado para as sentenças declarativas do português brasileiro seriam curvas descendentes e não ascendentes como ocorreu nesta emoção. Os resultados destes estudos contribuíram para a diferenciação das emoções, no entanto é necessário incluir mais sujeitos e analisá-los, detalhadamente, do ponto de vista estatístico.