Introduzindo o conceito de narrativa em psicanálise: sobre um operador comparativo para o estudo de casos clínicos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Paulon, Clarice Pimentel
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-18042018-095218/
Resumo: O intuito desta tese é introduzir a narrativa como operador comparativo para o estudo de casos clínicos. Partimos do princípio de que a psicanálise, ao longo da história, construiu e reformulou seus conceitos através da articulação entre o método clínico e as práticas psicoterapêuticas, produzindo uma experiência narrativa: uma modalidade da linguagem que articula discurso e história. Entendemos que a construção dessa experiência só foi possível devido às mudanças paradigmáticas pelas quais a psicanálise passou, reformulando constantemente seus métodos de observação, intervenção e racionalidade. A narrativa, como um procedimento das teorias práticas que não exclui a história de sua formalização, seria o operador principal para indicarmos essas transformações paradigmáticas que, na tese, são apresentadas a partir da análise da construção de três casos clínicos freudianos (Dora, Homem dos Ratos e Schreber) e das Entrevistas com Pacientes de Lacan, realizadas no Sainte-Anne. Essa análise, realizada de forma interdisciplinar, apresenta, nos casos freudianos, a relação entre literatura, teoria e história para a construção do caso e seus movimentos transformativos. Nas entrevistas de paciente temos a articulação de distintos materiais para a realização das mesmas (prontuários, entrevistas anteriores realizadas por médicos, anamneses e passagens por outras instituições), os quais são utilizados por Lacan para narrativizar o discurso trazido pelo paciente, articulando as relações entre o público e o privado (ou intimidade), dando, assim, coerência e transmissão da experiência a esses discursos. Neste sentido, enquanto em Freud temos o caso clínico como função de transmissão e construção teórica, nas Entrevistas de Pacientes de Lacan temos a narratividade como elemento de intervenção terapêutica com a apresentação da linguagem como método e objeto em psicanálise. Tanto em Freud quanto em Lacan, essas operações só se tornaram possíveis devido à articulação entre linguagem e transferência, o que torna o caso clínico uma escrita de prova das relações entre o necessário, o possível, o impossível e o contingente na psicanálise