A pandemia de Covid-19 e os serviços de reabilitação para pessoas com deficiência no SUS

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Suda, Bianca Tomi Rocha
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6143/tde-21022024-143545/
Resumo: Introdução - A pandemia de Covid-19 trouxe impactos significativos para a rede de serviços de saúde e afetou, sobremaneira, os cuidados em saúde para pessoas com deficiência (PCD). Objetivo - Analisar o impacto da pandemia no funcionamento dos Centros Especializados em Reabilitação (CER) no SUS e os fluxos assistenciais percorridos por usuários com Síndrome Pós-Covid19. Método - O estudo foi composto por duas partes complementares. A primeira, focada nos efeitos da pandemia para cuidados às PCD, utilizou método misto composto pela análise da variação da produção ambulatorial dos CER, entre março/2019 a dezembro/2021, cotejando tais resultados com as percepções de gestores e profissionais de reabilitação de CER aferidas por websurvey. Foram calculadas as médias mensais de 247 procedimentos, para o ano anterior à pandemia, primeiro e segundo anos de pandemia. No websurvey foram investigados: funcionamento e organização dos serviços; reabilitação Pós-Covid-19; ações de apoio aos usuários e profissionais; estratégias e desafios vivenciados. A segunda parte analisou itinerários terapêuticos de residentes no município de São Paulo, com necessidade de reabilitação pós-Covid-19, atendidos por um CER, até a saturação de conteúdo nas narrativas. Os relatos foram transcritos e analisados segundo as dimensões: do adoecimento ao diagnóstico; internação hospitalar; cuidados após alta e reabilitação, com identificação de barreiras, facilitadores e estratégias para a garantia do acesso e da continuidade do cuidado. Resultados - Verificou-se impacto significativo sobre a produção ambulatorial dos CER brasileiros, com redução de 33,3% do total de procedimentos registrados entre o primeiro ano de pandemia e o ano anterior, com maior prejuízo para atividades em grupo, terapias visuais e visitas domiciliares, e com aumento de 104,1% de procedimentos de Fisioterapia Cardiorrespiratória. No websurvey, foram relatadas a descontinuidade da assistência e a necessidade de modificações estruturais e organizacionais como: reorganização de atendimentos; criação de critérios de priorização; introdução de telerreabilitação; e disponibilização de capacitações. Embora metade dos CER já atendessem pessoas com sequelas de Covid-19, nem todos haviam sido instrumentalizados para esta demanda. O estudo dos itinerários pós-covid19 demonstrou que a implantação do protocolo pós-covid19 ocorreu heterogeneamente nos serviços de São Paulo. Observaram-se barreiras para o diagnóstico, estrutura insuficiente para desospitalização e limitações ao acompanhamento após alta na atenção primária e especializada. A existência de diretriz assistencial e o vínculo com UBS figuraram como facilitadores para a obtenção de cuidados no início do quadro clínico de COVID e para reabilitação. O tempo de espera para reabilitação não foi determinado pela gravidade dos casos e se constatou cuidado fragmentado com priorização de terapias físicas em detrimento das demais, além de insuficiente suporte social. Como estratégias individuais se destacaram os contatos pessoais e fluxos informais de acesso. Conclusão - Impuseram-se importantes desafios para a manutenção da assistência para PCD durante a pandemia, assim como para o atendimento de novas demandas dela advindas. Essas questões se somam a limitações prévias da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência, assim como a negligência de demandas de reabilitação nos planos de contingência, bem como a insuficiência de desenvolvimento de estratégias de enfrentamento específicas e inclusivas.