Barreiras para participação em programa de reabilitação cardíaca: avaliação antes e durante a pandemia da COVID-19

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Tonetto, Pedro Paulo Fernandes de Aguiar
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22132/tde-10112022-153529/
Resumo: Introdução: O direito à saúde é um dos direitos sociais constitucionalmente garantidos. A realidade brasileira ainda é excludente e também reflete as dificuldades estudadas e superadas por outros países desenvolvidos. No Brasil, menos de 20% dos pacientes que saem de uma internação hospitalar por problemas cardíacos, recebe a indicação para a reabilitação cardíaca. Uma vez inserido em um programa de reabilitação cardíaca (PRC), as maiores barreiras para sua participação estão relacionadas com as comorbidades e/ou estado funcional, necessidades percebidas e acesso. Objetivos: 1) avaliar as barreiras para participação em PRC, na perspectiva de um grupo de participantes, antes da ocorrência da pandemia da COVID-19 (Etapa 1); 2) avaliar as barreiras percebidas pelos participantes para retornarem ao PRC, durante a pandemia da COVID-19 (Etapa 2); 3) comparar as barreiras percebidas nas duas etapas; e 4) avaliar os aspectos físicos e emocionais da qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) dos participantes durante a pandemia da COVID-19. Método: Estudo observacional, analítico e longitudinal realizado em duas etapas com pacientes inseridos em um PCR, fases 2 ou 3, de um hospital universitário do interior paulista. Na primeira etapa, antes da pandemia, 23 participantes responderam presencialmente aos 21 itens da Escala de Barreiras para a Reabilitação Cardíaca (EBRC), usando uma escala ordinal de 1 a 5 (escore total de 21 a 105, com maiores escores indicando maiores barreiras percebidas). Na segunda etapa, realizada por telefone durante o período pandêmico, 18 desses participantes responderam novamente aos itens da EBRC, bem como aos itens dos domínios Aspectos Físicos e Aspectos Emocionais do instrumento Medical Outcomes Study (MOS): 36-Item Short Form Survey (SF-36). Resultados: Na primeira etapa foram entrevistados 23 indivíduos, dos quais três faleceram e dois não apresentaram condições físicas para participarem da segunda entrevista. Concluímos o seguimento de 18 pacientes, sendo a maioria do sexo masculino (66,7%), casada/união estável (60,9%), sem desempenhar atividade ocupacional (91,3%) e residentes da cidade de Ribeirão Preto (52,2%). A média de idade foi de 58,9 (D.P.=12,5) anos, com renda mensal familiar média de R$ 2.072,78 (D.P.=1.397,40) e baixa escolaridade (oito anos de estudo formal, em média). Ao compararmos as barreiras percebidas, antes e durante a pandemia, constatamos a diminuição na percepção dos pacientes sobre as barreiras para a participação em um PRC sendo as diferenças estatisticamente significantes para o escore total da EBRC (p<0,001), para a média total dos itens (p<0,001) e para a maioria dos itens (81%). Durante a pandemia, os participantes avaliaram melhor os aspectos emocionais (M=72,2; D.P.=34,8) do que físicos (M=40,3; D.P.=41,2) da QVRS. Conclusão: No grupo investigado, após a interrupção da participação em um PRC em decorrência da pandemia da COVID-19, os participantes consideraram as barreiras para a adesão ao programa como sendo menores do que aquelas percebidas enquanto estavam inseridos na reabilitação cardíaca. Os resultados encontrados podem ser compreendidos no contexto do isolamento social imposto aos indivíduos com doenças cardíacas e com outras doenças consideradas de risco para o agravamento da condição de saúde diante da contaminação pelo novo coronavírus.