Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2010 |
Autor(a) principal: |
Oliveira, Julvan Moreira de |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-20042010-153811/
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Resumo: |
O objetivo deste trabalho foi analisar a contribuição do pensamento de Kabengele Munanga para o ideário pedagógico brasileiro, tendo como base epistemológica a arquetipologia do imaginário de Gilbert Durand e sua heurística mitodológica, a qual engloba a mitocrítica e a mitanálise. A pesquisa indicou que o mitema, fio condutor presente em toda obra de Munanga, é o ser, ou seja, é a questão da identidade e o processo de interação dialógica entre o eu e o outro, compreendido como uma relação de responsabilidade, de compromisso interacional e de complementaridade. Essa identidade é marcada pela cor da pele, pela cultura e/ou pela produção cultural do negro, por sua contribuição histórica na sociedade brasileira e na construção da economia do país, bem como pela recuperação de sua história africana, de sua visão do mundo, de sua religião. Somente na relação dialogal da palavra, da oralidade, pode-se reconhecer o eu da pessoa humana como ser existente em sua dimensão interpessoal, já que, ao expressar-se por meio da palavra, a pessoa sai de si, não para perder-se no tu, mas para se re-encontrar, plenificado na mesma palavra. Esta abertura constitui a direção e a orientação no processo de realização da pessoa. Por meio do conhecimento de sua ancestralidade, o a pessoa humana vê-se frente ao problema das representações. Ao decifrar o mundo, o ser humano coloca-se diante de enigmas que são símbolos do mistério. Nessa medida, toda a obra de Munanga está atravessada por um genial imperativo: a recuperação da situação do homem primordial. Dessa perspectiva, a educação centra-se na necessidade de o homem retornar periodicamente ao arquétipo, aos estados puros, aos princípios, tendo como mediadores os símbolos, as imagens, as narrativas de sua ancestralidade. Por conseguinte, a educação é vista como mediadora do universo, não apenas na dimensão intelectual, mas também e objetivamente, na relação de responsabilidade recíproca, capaz de salvaguardar, não apenas as individualidades enquanto sustentáculos da relação, mas também a realização da própria realidade vital como relação. A obra de Munanga abre um caminho muito interessante e pertinente, sobretudo pelo seu caráter complementário, hermesiano, ou seja, de mediação entre o plano explicativo e o compreensivo, processo este que se expressa no desenvolvimento de sua obra, o que permite entender a contribuição das africanidades para a cultura brasileira, tal como vem sendo abordada por vários pesquisadores, africanidades estas que têm em Munanga um de seus principais porta-vozes, com inúmeras contribuições relevantes para a educação brasileira. |