Contribuição ao estudo das rochas granitóides e mineralizações associadas da Suite Intrusiva Velho Guilherme, Província Estanífera do Sul do Pará

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1999
Autor(a) principal: Teixeira, Nilson Pinto
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44133/tde-22122015-110743/
Resumo: Os maciços granitóides Mesoproterozóicos Antônio Vicente, Velho Guilherme, Mocambo, Benedita, Ubim/Sul e RioXingu, da Suite Intrusiva Velho Guilherme, ora estudados, pertencentes à Província Estanífera do Sul do Pará(PESP), encontram-se alojados em rochas arqueanas, tanto do Terreno Granito-Greenstone do Sul do Pará(TGGSP) quanto em sequências do embasamento arqueano retrabalhado, constitutivas do Cinturão de Cisalhamento Itacaiúnas. São anorogênicos, possuem composições sieno amonzograníticas, com termos álcali-feldspato graníticos subordinados e mostram-se afetados, em diferentes graus, por alterações tardi a pós-magmáticas. Apresentam natureza subalcalina, são peraluminosos a metaluminosos, de paleoambiênciaintra-placas e assemelham-se aos granitóides tipo-A, do sub-grupo-\'AIND.2\'. A cristalização fracionada foi, ao que tudo indica, o principal processo petrogenético que governou a evolução dos granitóides da suite. Os diferenciados mais evoluídose hospedeiros de mineralizações de Sn mostram um grau extremo de diferenciação (\'SiOIND.2\'>75%) e são produtos de fracionamento magmático e da interação com fluidos tardi a pós-magmáticos ricos em voláteis(F, Cl). Esses fluidos foram responsáveispela extração de \'SnPOT.+2\', a partir das fases minerais primárias, especialmente, da biotita, incorporando-o às soluções residuais onde, ao que tudo indica, oxidou-se, passando para a forma \'SnPOT+4\' e depositando-se comocassiterita(\'+OU-\'kersterita/estanita). Dados petrográficos, de química mineral (anfibólio, biotita, clorita) e geoquímicos, demonstraram que os granitóides dessa suite evoluíram, em grande parte, sob condições magmáticas de baixa f\'OIND.2\'(\'APROXIMADAMENTE IGUAL A\' \'10POT.-18\'), as quais estenderam-se para o estágio de alterações tardi a pós-magmáticas. Indicam, ainda, que os mesmos foram colocados em níveis crustais rasos, a temperaturas e pressões variáveis entre 690 e\'890 GRAUS\'C e 0,8 e ) 4,0 kbar, respectivamente. Os valores de \'delta\'\'18 GRAUS\' (+8 a +9%o) referentes a quartzo 1 dos referidos maciços sugerem que os granitóides do maciço Mocambo derivaram de uma fonte provavelmente distinta daquela dos granitoides dos dois outros maciços ora comentados. Dados isotópicos Pb-Pb(valores de \'mü\'1) e Sm-Nd[\'épsilon\'Nd(t)] indicam uma fonte crustal para os magmas geradores dos granitóides estudados, bem como demonstram que os protólitos dos mesmos evoluíram em estágio único e diferenciaram-se diretamente do manto entre 3,2 Ga e 3,0 Ga, conforme é indicado pelas suas idades modelo (\'T IND.DM\') a saber: 1) 3,2 Ga-maciço granitóide Antônio Vicente; 2) 3,0 Ga- maciço granitóide Rio Xingu; 3) 3,0 Ga-maciço granitóide Mocambo. Os valores fortemente negativos \'épsilon\'Nd(t), respectivamente, 11,939(rocha total) /-12,20 (zircão);-8,08(zircão);-11,87(rocha total)/-12,36(zircão), pressupõem o envolvimento de uma crosta predominantemente Arqueana, ou mesmo uma provável mistura de uma componente de material derivado do manto com componentes de material crustal Arqueano em 3,2 Ga(maciço granitóide Antônio Vicente) e 3,0 Ga(maciços granitóides Rio Xingu e Mocambo). Deve-se ressaltar, entretanto, que os valores de \'épsilon\'Nd (t= 1862 \'+Ou-\'32 Ma) igual a -8,08, idade modelo(\'T IND.DM) de 3,0 Ga e \"delta\'POT.18\'O=+8,8 a +9,0% dos granitóides do maciço Mocambo, são diferentes daqueles relativos aos maciços Antônio Vicente,Velho Guilherme e Rio Xingu. Conjectura-se, assim, que: a) os granitóides do maciço Mocambo evoluíram a partir de um protólito de idade (\'T IND. DM\') mais jovem do que aquele dos granitóides do maciço Antônio Vicente; b) o protólito dos granitóides do maciço Mocambo tinha características isotópicas [(\"delta\'POT.18\'O e \'épsilon\'Nd(t)] distintas daquelas dos protólitos dos granitóides dos maciços Antônio Vicente, Velho Guilherme e Rio Xingu. A relação Th/Ta referente aos granitóides dos maciços Velho Guilherme, Benedita e Rio Xingu sugere uma fonte dominantemente de crosta continental superior. Adicionalmente, a razão inicial \'ANTEPOT.87 Sr\'/\'ANTEPOT.86 Sr\'=0,708 \'+OU-\' 0,048 obtida em granitóides do maciçoVelho Guilherme indica um baixo grau de contaminação por crosta mais antiga. Em relação aos granitóides do maciço Ubim/Sul, a razão Th/Ta sugere uma fonte magmática localizada em um segmento crustal um pouco mais profundo do que a crosta superior. O amplo espalhamento composicional observado em relação aos granitóides do maciço Antonio Vicente parece representar uma mistura de material do manto com componentes de crosta profunda e crosta continental e talvez, até, uma contribuição adicional de sedimentos. Apesar disso, os granitóides estudados não desenvolveram concentrações econômicas de metais (classe mundial). Mesmo os depósitos de cassiteritas, explotados, eram fracos e tornaram-se inviáveis economicamente. Embora reconheça-se que os granitóides sejam diferenciados extremamente silicosos e evoluídos, os processos de diferenciação magmática, estado de oxidação, a cristalização fracionada e outros fatores, não foram suficentes paragerar concentrações econômicas de elementos litófilos, como era de se esperar. Do mesmo modo, na liberação de voláteis, o fracionamenteo líquido-líquido ou, enfim, a carga fluidal atuante no estágio de alterações tardi a pós-magmáticas não propiciou a formação de depósitos importantes. Em razão do que foi comentado acima, acredita-se que granitóides da Suite Intrusiva Velho Guilherme evoluíram a partir da fusão de diferentes segmentos crustais, com participação e mistura de material mantélico, de composições particulares e empobrecidos em elementos produtores de calor (U, Th, Rb e K). Talvez a mistura de uma componente de material mantélico empobrecido em elementos litófilos com componentes crustais de crosta inferior e de crosta continental ) superior, também, empobrecidos, tenha sido o fator determinante para gerar granitóides com essas características geoquímicas. \"Underplating\" de magma básico tem sido sugerido, hipoteticamente, como sendo a fonte para a fusão parcial de rochas granulíticas máficas na base da crosta inferior. Neste trabalho não se descarta a hipótese da participação de sistemas do tipo \"hot-spot\" como fonte de calor para a fusão parcial dos protólitos dos granitóides estudados nem tampouco o modelo de plumas do manto. Os granitóides em pauta podem ainda estar relacionados à atividade magmática distal associada tanto à evolução da orogenia Maroni-Itacaiúnas, quanto à orogenia Tapajós-Ventuári. O conjunto de dados comentados neste trabalho permite estabelecer que nas áreas de ocorrência dos maciços granitóides, ora estudados, são remotas as possibilidades da existência de importantes depósitos de elementos litófilos (por exemplo estanho), com perspectivas de explotação econômica. Pode representar uma exceção a isso, a área de abrangência do maciço granitóide Mocambo, já que na mesma, ainda, existe uma reserva estocada (comunicação verbal). Entretanto, sua explotação dependerá sempre dos rumos futuros do mercado internacional, hoje extremamente desfavorável.