Invisibilidade pública na atividade de varrição: uma pesquisa-intervencionista para formação de agência transformativa no trabalho

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Bobadilha, Bianca Gafanhão
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6143/tde-18092020-100717/
Resumo: Inúmeros são os desafios a que os trabalhadores estão sujeitos, em especial aqueles que têm de lidar com o lixo - fonte de exclusão social. Diversos estudos salientam os acidentes de trabalho e os impactos psicossociais a que estes trabalhadores estão expostos, porém Fernando da Braga Costa, inaugura ao definir um termo para o sofrimento psicossocial e político destes trabalhadores: a invisibilidade pública. Devido à inovação e à leitura teórica sobre este fenômeno, há a escassez de estudos intervencionistas. Deste modo, buscou-se compreender como pode ser promovida a agência transformativa e como esta se manifesta discursivamente durante uma intervenção formativa conduzida na atividade de variação no interior de São Paulo. Para tanto, optou-se neste estudo pela metodologia do Laboratório de Mudança como pesquisa-intervenção, sendo esta baseada na Teoria da Atividade e promovendo de forma sistemática a participação dos trabalhadores na transformação da sua atividade de trabalho. Como forma de alcançar estes objetivos, observou-se os discursos produzidos a partir das transcrições das sessões do Laboratório de Mudança entre 2017 e 2018. Os dados foram analisados a partir da análise de conteúdo e análise de discurso sustentada pelo Método de Interpretação dos Sentidos. Dentre as contribuições do estudo, está a referente ao método de análise da manifestação do fenômeno invisibilidade pública, que pôde ser verificada através das construções linguísticas expressas nos discursos. Outra contribuição do estudo foi quanto às principais dificuldades identificadas pelas varredeiras: em sua maioria estão relacionadas ao trabalho na rua, à forte hierarquia na empresa e à falta de conscientização da população sobre a atividade de varrição e o descarte correto dos resíduos. Após as análises, constatou-se que houve formação de agência transformativa com proposição de inovações mais ou menos expansivas em relação a atuação das varredeiras nestas ações, a depender das ferramentas utilizadas pelos mediadores, sendo que as inovações mais expansivas utilizaram ferramentas de discussão e análises sistêmicas. Pôde-se perceber também que as dificuldades elencadas pelas varredeiras estavam relacionadas ao fenômeno da invisibilidade pública, de modo que, apesar de ser proporcionado a elas a formação de agência transformativa e um lugar de sujeito, esta não foi muito adiente pela empresa, de modo que buscou-se então outra possibilidade: a produção de um documentário em que as varredeiras participaram ativamente de sua construção. Estudos futuros são necessários para compreender como foi esta construção da narrativa das varredeiras e de que forma isto pode impactar o seu dia a dia e reconhecimento.