Potencial de plantios homogêneos de espécies nativas para catalisar a recuperação da biodiversidade e proporcionar o uso sustentável da Reserva Legal

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Guerin, Natalia
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/91/91131/tde-03052019-183942/
Resumo: A legislação ambiental brasileira obriga a maioria das propriedades rurais a ter Áreas de Preservação Permanente (APPs), que são áreas naturais protegidas devido à fragilidade física e ecológica, e Reserva Legal (RL), cuja função é a conservação da biodiversidade e a exploração sustentável. Em vista do passivo ambiental nas propriedades rurais brasileiras, no que se refere à RL, há uma demanda por estudos que buscam discutir estratégias para a recuperação dessas áreas. A possibilidade de exploração da RL gera uma expectativa de retorno econômico, ao mesmo tempo que essas áreas prestarão serviços ecossistêmicos importantes para a sociedade. Avaliações da regeneração natural sob plantios florestais homogêneos têm demonstrado que florestas plantadas para fins comerciais podem atuar como catalisadoras da regeneração natural a depender do manejo. Contudo, poucos estudos avaliaram a regeneração sob plantios puros de espécies nativas em regiões tropicais. Nesse contexto, para dar suporte à seleção de modelos que possam ser implementados na RL, em áreas cuja vegetação original seja de fisionomia florestal, testamos o \"modelo de mosaico\", que seria composto por pequenos talhões puros. Para tanto, utilizamos parâmetros de estrutura, riqueza, diversidade funcional e potencial econômico para avaliar plantios homogêneos (PH) de espécies nativas. No capítulo 1 comparamos PH com i) plantios mistos de espécies nativas e ii) com florestas nativas de referência em diferentes graus de conservação, visando avaliar se os PHs podem, em longo prazo, promover a conservação de biodiversidade e manutenção de processos ecológicos. No capítulo 2 avaliamos se a sucessão ecológica em PH é condicionada pelos atributos da espécie plantada ou por atributos abióticos, para identificar fatores que possam limitar o sucesso desses plantios. No capítulo 3 avaliamos se a exploração sustentável de madeira em RL a partir de PHs, que não foram manejados, é uma atividade economicamente viável frente a outros tipos de investimentos de longo prazo e outras opções de compensação de RL. Do ponto de vista ecológico, verificamos que PH com espécies nativas, que não sofreram manejo, podem, em longo prazo, promover a restauração das comunidades vegetais características de florestas semideciduais, tanto no aspecto estrutural, quanto na biodiversidade e funcionalidade. Os plantios homogêneos estudados apresentaram valores semelhantes para esses atributos ecológicos em relação a florestas de referência, inclusive às florestas maduras, que seriam a meta ideal de restauração. Em longo prazo, a estrutura (densidade e área basal) e o nível de riqueza das comunidades de plantas lenhosas sob esses plantios são muito pouco influenciados por filtros bióticos ou abióticos. O ritmo de crescimento da espécie plantada foi o único atributo que explicou parcialmente a riqueza e a densidade de indivíduos adultos nos plantios, embora não tenha exercido influência sobre a composição de espécies na comunidade em regeneração. Do ponto de vista econômico, verificamos que PHs de espécies nativas que não tiveram tratos silviculturais ao longo do seu desenvolvimento apresentaram valores para a taxa interna de retorno inferiores à poupança e valor presente líquido negativos. A compensação da RL por meio de arrendamento foi mais vantajosa do que a recomposição, mesmo considerando a venda de madeira. Destacaram-se os plantios de Handroanthus heptaphyllus, Myracrodruon urundeuva e Anadenanthera colubrina var. colubrina, cujo rendimento conseguiu superar os custos da recomposição, mesmo sem manejo adequado. Este estudo demonstrou que plantios de espécies nativas, ainda que homogêneos, podem ser utilizados para fins de recomposição de reserva legal, como proposto no \"modelo de mosaico\", pois conseguem recuperar a biodiversidade e garantir a funcionalidade dos ecossistemas em longo prazo, ainda que a composição de espécies seja distinta de florestas maduras, como tem sido observado também em plantios heterogêneos. A exploração da madeira, mesmo em áreas não manejadas, contribui para o aumento da rentabilidade de propriedades de pecuária e agricultura em longo prazo. A incorporação de tratos silviculturais adequados pode impulsionar a rentabilidade dessa atividade na RL, desde que sejam respeitadas as especificidades de exploração na RL, de modo a conciliar a produção de madeira com a conservação da biodiversidade.