O caderno de Wassily: um estudo sobre a violência na clínica psicanalítica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Molin, Eugênio Canesin Dal
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47132/tde-04092018-170241/
Resumo: A violência é um fenômeno complexo e interdisciplinar que se mostra, entre outros lugares, na clínica psicanalítica. Nesta, a violência aparece por meio dos relatos dos pacientes sobre suas experiências nas posições de sujeito, objeto ou testemunha de atos marcados pelo excesso, pela destrutividade e pelo terror. O fenômeno também ganha forma na clínica psicanalítica de outras duas maneiras: ao despertar, no analista, movimentos contratransferenciais que revelam sua própria violência, em geral negada, e na encenação feita pelo paciente, durante as sessões, de suas experiências de violência. Freud trata a violência como um conceito ao apresentar sua teoria sobre a gênese do social, mas não restringe o uso do termo a essas ocasiões; a violência também é localizada na intensidade de alguns elementos da vida psíquica, como o trauma, o par sadismo e masoquismo, a agressividade e a pulsão de morte. Partimos de três figuras que ilustram aspectos do fenômeno e procuramos distinguir a trama teórica que permite analisá-las. De um gênero que poderia ser identificado com o excesso, chegamos a um fenômeno marcado pelo confronto do Eu com o meio e no esforço de manutenção de suas fronteiras. O que se experimenta é uma invasão geradora de movimentos defensivos que podem levar o sujeito à identificação com o agressor ou ao contra-ataque. Contamos com as ideias de Sándor Ferenczi, Michael Balint e Donald Winnicott para ampliar o escopo dessa leitura. A reação posterior à invasão pode também ser libidinizada e adquirir a forma de sadismo, como exemplificamos por meio de material clínico. É na clínica, especificamente na dinâmica transferencial-contratransferencial, que encontramos a repetição e a atuação do que foi experimentado como ataques ao corpo, ao Eu e à identidade. Durante as sessões, a violência sofrida anteriormente é atualizada com mudanças de posição, deslocamentos e encenações por meio da brincadeira, no caso de crianças. Descrevemos como o analista acompanha essa atualização fazendo uso de seu próprio mundo interno, de sua elasticidade identificatória, ao ocupar temporariamente os lugares que lhe são atribuídos transferencialmente, e agir a partir dali e de sua capacidade de elaboração dos elementos trazidos pelo paciente