Armas da Revolução: tempo, história e memória da luta armada nos discursos de Fidel Castro (1959-1976)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Rodrigues, Bruno Romano
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-26042024-120539/
Resumo: A partir da análise dos discursos realizados por Fidel Castro entre 1959 e 1976, esta tese tem como objetivo comprovar o papel central da memória da luta armada no processo de legitimação da Revolução Cubana. Para tanto, propomos que as falas públicas do líder revolucionário sejam compreendidas como narrativas político-ideológicas vinculadas ao Estado, instituição responsável por organizar e transmitir à opinião pública insular uma memória oficial que abrange desde o registro da oralidade até a circulação social massiva dos discursos do mandatário. No que se refere ao manejo das temporalidades históricas, os pronunciamentos castristas se valeram da memória da luta armada para construir a ideia de \"aceleração\" do tempo, inaugurando o que denominamos calendas cubanas, as quais também poderiam, segundo Fidel Castro, inspirar outros países em sua busca por liberdade e justiça social, sobretudo na América Latina. A memória da luta armada também se expressou através da construção de um calendário cívico dedicado a enaltecer a \"violência revolucionária\" como linguagem política através da rememoração de eventos e personagens ligados à história do núcleo guerrilheiro de Sierra Maestra, eixo temático que estruturou uma narrativa oficial teleológica criada para reforçar a ideia de que a luta armada teria sido o único fator histórico responsável pelo triunfo da Revolução Cubana. Demonstramos ainda que a memória da luta armada se encontra na base das interpretações elaboradas por Fidel Castro sobre três períodos históricos: as guerras de independência contra a Espanha, no século XIX, a guerrilha contra o regime autoritário de Fulgêncio Batista, no período insurrecional (1953-1959), e a revolução no poder, iniciada com a tomada do Estado pelos guerrilheiros de Sierra Maestra, em 1º de janeiro de 1959. Conectando as diferentes temporalidades históricas através de uma \"genealogia\" da luta armada, a qual amalgamou presente, passado e futuro de Cuba, Fidel Castro visava fazer da guerrilha a única estratégia legítima de tomada do poder, consolidando o M 26-7 como o grupo político responsável pela condução do processo revolucionário