Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Campos, Renata Lacerda |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/100/100134/tde-08082019-132721/
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Resumo: |
A dissertação trata de interfaces do antigo relacionamento entre os seres humanos e a Mata Atlântica na região do Alto Ribeira (Serra do Paranapiacaba) e Vale do Ribeira, hoje áreas remanescentes no estado de São Paulo. Dentro de princípios teórico-metodológicos que visam uma perspectiva interpretativa multidisciplinar, buscamos dialogar com conhecimentos da história, antropologia, ecologia e ciências afins para se referenciar a longuíssima duração de interações e contribuições dos seres humanos para a manutenção e diversificação da vida vegetal no interior das florestas. Primeiramente, alguns dos trabalhos da arqueologia brasileira realizados nos últimos anos, numa abordagem multidisciplinar, sobre as antigas populações dos sambaquis litorâneos e fluviais (no Vale do Ribeira) e suas atividades de manejo e cultivo de espécies (alimentos, medicinas, etc.) desde ±5000 AP, dentro de uma dimensão de interação com a natureza muito diversa do que concebemos no presente. O estudo destes sítios por pesquisadores de diversas áreas também evidenciam \"trânsitos\", indícios de intercâmbio e o assentamento de povos de origens diversas (do planalto, serra, costa e florestas equatoriais) como as populações de origem Jê (desde ±3500 AP) e de origem Tupi (os Guarani, desde ±2000 AP, e desde ±1500, os Tupinambá), povos que incorporaram nas florestas atlânticas espécies vegetais originárias de outros biomas, sendo muitas destas espécies utilizadas até os dias de hoje. Entretanto, no imaginário nacional se sedimentou camadas de apagamento da presença e do legado ambiental das populações indígenas, quilombolas, ribeirinhas e caiçaras nas áreas florestais brasileiras. Assim, o predomínio da tradição colonial persistiu na \"escrita da história do Brasil\" e nas instituições do estado brasileiro também manifesta na proibição das atividades de roça no interior de áreas florestais que se tornaram Unidades de Conservação integral. Situação que contribuiu em \"quebras\" nos processos envolvidos para a manutenção e diversificação de espécies de roça, da interação com espécies silvestres e consequentes perdas nas variedades alimentares e medicinais tradicionais. As proibições promoveram desenraizamentos no relacionamento com a \"natureza\" e conflitos que repercutem na degradação da floresta atlântica, contribuindo na erradicação da memória nativa local. Podemos afirmar que o discurso colonial que se manteve na sociedade brasileira levou à rejeição do saber das populações da floresta promovendo, inclusive, o apagamento da longevidade dos povos ameríndios resistentes no presente |