Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Aquino, Alexandre Magno de |
Orientador(a): |
Silva, Sergio Baptista da |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/197089
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Resumo: |
Este estudo relaciona organização social, política, parentesco e xamanismo entre os Kaingang, com o intuito de retomar uma discussão importante no ambiente etnográfico Jê, qual seja: a inscrição espacial dos valores simbólicos e cosmológicos dessas sociedades, ampliando-o, com uma perspectiva histórica, e não apenas estrutural, para compreender os efeitos das transformações da paisagem e da configuração do território. Especialmente, no que se refere a terra, verifica-se a importância que ela adquire como parte da consciência cultural dessa sociedade no contexto das relações inter-étnicas com a sociedade brasileira. Nos últimos dois séculos, quando avança o processo colonizatório, surgem diversas controvérsias, que possuem ressonância com estas transformações, traduzindo uma série de eventos históricos (expedições militares e científicas, missões e, depois, a criação de Terras Indígenas) em termos de argumentos e práticas que foram sustentados pelo Grande Divisor (Latour, 2000): ao postularem o simples abandono do território pelos índios, corroborando a visão colonialista da ausência de cultura e/ou vazio demográfico, as políticas fundiárias foram formuladas como uma "caixa preta", inventando um determinismo técnico, paralelo ao determinismo científico, que caracteriza nossa sociedade como "racional" e resultando na acusação de que todos os outros são "ilógicos". Há, entretanto, como argumenta Ingold (2015), uma diferença entre “mapping” e “map maker” que tem consequências sociopolíticas, de tal modo que se o “mapeamento” traça uma rede de ir e vir, o mapa topográfico moderno não cresce ou se desenvolve, está feito, consignando as narrativas de movimento e de viagens para os reinos da fábula, fantasia e alucinação Em oposição a este modelo, a noção de "translação" proposta por Latour (2000) e a perspectiva de “(temporalidade da) paisagem” formulada por Ingold (2015) permitem apreender as transformações socioespaciais kaingang a partir de uma rede de caminhos, acampamentos e assentamentos ancestrais e atuais, configurando um território circular. De um lado, as transformações revelam que tal paisagem redimensiona a própria noção de Terra Indígena em sua relação com o território ancestral, contrastando o espaço segmentado ao “lugar”, apreendido como movimento de humanos e não humanos; de outro, conectam a dimensão sociocosmológica do território e a territorialidade, isto é, as relações intra e interaldeias, observadas na casa, no grupo local e nos aglomerados políticos-ceriomoniais, remetem-nos para análises etnológicas que permitem realizar comparações entre o povo Kaingang, em suas diversas realidades históricas e etnográficas, e outros povos indígenas do continente, considerando os processos de abertura ao outro, enquanto uma característica dessas ontologias. Portanto, em contraposição a totalidade do social, argumenta-se que os processos históricos que configuraram o território e a territorialidade situam-se a partir dos dualismos diametral e concêntrico, expressos nas metades exogâmicas e no triadismo socioespacial in (casa) - prur (espaço limpo) – nén (floresta). |