Avaliação na educação infantil e participação: desafios para a gestão

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Cançado, Natália Francine Costa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59140/tde-06112017-150146/
Resumo: O presente trabalho, considerando a relação entre avaliação e qualidade, teve como objetivo estudar como se configura a avaliação desenvolvida nas pré-escolas de um município paulista. Com base nos dados construídos em uma pesquisa mais ampla realizada pelo Grupo de Estudos e Pesquisa de Políticas Educacionais para a Infância (GEPPEI) em 12 municípios de uma microrregião do Estado de São Paulo, verificou-se que o município G (preservação de identidade) apresentava uma proposta de avaliação denominada Sistema Municipal de avaliação (SIMA), elaborado pela Secretaria Municipal de Educação (SME). Realizou-se uma pesquisa empírica, por meio de uma abordagem qualitativa, sendo utilizadas ainda algumas técnicas características do estudo de caso, tais como entrevistas semi-estruturadas e análise documental. Não havendo a possibilidade de ser observado o desenvolvimento da avaliação em loco, uma vez que no momento de construção dos dados do estudo o processo avaliativo não estava sendo realizado, optamos por realizar entrevistas com oito professoras e com a mediadora pedagógica do município, sendo cada professora atuante em uma pré-escola da rede municipal de ensino. Além disso, para ampliar a construção dos dados realizamos a análise documental acerca de documentos relativos ao processo de avaliação, tais como as provas, fichas de avaliação de desenvolvimento, manuais de aplicação destinados às professoras e gráficos e tabelas relativos aos resultados das avaliações. Embora o município tenha informado que se tratava de uma avaliação da qualidade da Educação Infantil, ao analisar os dados, concluímos que se trata de uma avaliação da criança realizada por meio de provas e fichas de desenvolvimento em que, cujo objetivo é avaliar apenas questões relativas à dimensão cognitiva, sendo que esta abordagem se restringe ainda somente a um aspecto desta dimensão, uma vez que se limita a aferir a aprendizagem e desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita. Constatamos que o desconhecimento dos profissionais da Educação Infantil em relação a outras perspectivas de avaliação que permitam problematizar a qualidade do contexto educativo e das experiências propiciadas às crianças, os leva a recorrer aos modelos de avaliação externa característicos das políticas neoliberais mais disseminados nas outras etapas de ensino, definindo equivocadamente os critérios para avaliar a qualidade da Educação Infantil. Desta forma, considerando o modo de sistematização e aplicação das provas nas pré-escolas, assim como a organização dos resultados em gráficos e tabelas para posterior divulgação, constatamos que a avaliação do SIMA torna-se um mecanismo de pressão sobre o trabalho docente e nessa perspectiva, acaba definindo o currículo para a Educação Infantil, na medida em que é instaurada a preocupação de que as turmas respondam positivamente às provas, de modo a serem preparadas para tal. A forma verticalizada por meio da qual as avaliações são propostas e realizadas pela SME nas Unidades de Ensino (EU) e a negativa presente nos relatos das professoras sobre possíveis alterações positivas na qualidade da Educação Infantil por meio desta avaliação, nos permitem concluir que é preciso repensar a avaliação reconhecendo-a como mecanismo de promoção da participação garantindo modos de gestão mais democráticos, nos quais a definição e avaliação de indicadores de qualidade se dêem de modo compartilhado pelos atores do processo educativo.