A Roda e a valorização das culturas infantis na creche em bases da pedagogia decolonial

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Brandão, Ana Caroline Lopes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Art
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48138/tde-26112021-114245/
Resumo: O intuito desta dissertação foi pesquisar como a formação em Roda pode contribuir para a desconstrução de pedagogias centradas no professor, historicamente construídas sobre pilares euro-usa-cêntricos (WALSH, 2010), adultocêntricos, capitalistas, coloniais e patriarcais, fincados em muitas práticas pedagógicas ainda presentes nas instituições de Educação Infantil públicas. O trabalho mostra a Roda, como configuração espacial de trabalho que promove o diálogo, escuta e diferentes formas de interação das crianças. Nosso locus de pesquisa situa Rodas e verifica construções coletivas e brincadeiras de um grupo de crianças, de cerca de três anos, de uma creche pública do município de Santo André (SP). O objetivo geral é dar visibilidade para as Rodas como espaços de tradutibilidade intercultural entre culturas indígenas, afro-brasileiras e as culturas infantis, estas dentro da perspectiva da reprodução interpretativa (CORSARO, 2011), bem como contribuir com o rompimento das edificações das escolas tradicional e renovada, estruturadas nos pilares acima nomeados, que seguem enraizadas na Educação Infantil, com marcos distantes das verdadeiras raízes brasileiras, reprodutoras do mito da democracia racial camuflado pela multiculturalidade. Nossa pesquisa investiga as Rodas de músicas, brincadeiras, conversas e as propulsionadoras de novas vivências lúdicas e artísticas com o grupo de crianças como rotinas culturais da creche, ao mesmo passo que integra a pedagogia decolonial, não como um anexo do planejamento, mas uma nova concepção da abordagem curricular que orienta o ensino e a aprendizagem na educação para a infância. Tal abordagem destaca a interculturalidade crítica tanto de nossas matrizes estéticas, representadas pelas culturas indígena e afro-brasileira, quanto as culturas infantis, dentre outras que compõem o cenário do Brasil. Na referida abordagem, entende-se as crianças como reprodutoras e produtoras de cultura, alimentadas pelo ambiente e experiências que vivenciam, e enquanto sujeitos de direito. Na pedagogia decolonial, as culturas indígenas e africanas são vistas como essenciais para subsidiar as brincadeiras, jogos, diálogos e planejamento pedagógico, por darem origem à cultura brasileira. Ao incorporá-las ao processo do grupo, intencionou-se ampliar a perspectiva de criança capaz e competente para transformação social no presente, estimulando que outras práticas pedagógicas similares possam ser espelhadas na pesquisa. A Roda, portanto, em nossa investigação, é compreendida como rotina cultural, procedimento didático e linguagem matiz entre e com as crianças, em uma perspectiva decolonial.