Ensaios sobre os impactos socioeconômicos dos desastres naturais no Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Halmenschlager, Vinícius
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11132/tde-18072019-094555/
Resumo: Tendo em vista o grande número de desastres naturais que têm afetado o mundo nos últimos anos e seus efeitos nocivos à economia e ao bem-estar social, é crescente o interesse da literatura, das organizações internacionais pertinentes e dos formuladores de políticas públicas, por avaliações dos impactos dessas catástrofes. O panorama brasileiro não é diferente, todos os anos o país é assolado por uma série de eventos naturais, que carecem de estudos sobre os seus diferentes impactos. Nesse contexto, o objetivo dessa pesquisa é avaliar, por meio de dois artigos, alguns dos efeitos socioeconômicos dos desastres naturais brasileiros. No primeiro estudo, foi verificado o impacto na atividade econômica dos municípios afetados, mensurada pelo Produto Interno Bruto (PIB) per capita, das chuvas e deslizamentos ocorridos na região Serrana do estado do Rio de Janeiro em janeiro de 2011. Esse evento, distinto aos demais desastres brasileiros, foi considerado em função do número de afetados e óbitos, o maior desastre natural do Brasil. Para investigar a relação de interesse, aplicou-se o método de controle sintético com procedimento de inferência baseado no descrito por Cavallo et al. (2013). Os resultados indicam que a catástrofe gerou efeitos negativos sobre o crescimento econômico dos municípios afetados. Já o segundo artigo, se propõe a avaliar a relação existente entre os desastres naturais hidrológicos e aspectos de saúde, como a morbimortalidade, nos municípios brasileiros. Essas catástrofes, apesar de não se tratarem do desastre mais comum, apresentam elevada recorrência e se destacam quando se trata do número de afetados e de óbitos. As possíveis implicações econômicas dos efeitos na saúde são variadas, perpassando pela redução da oferta de trabalho, perda de ativos, mudanças nas decisões alocativas das famílias, perda de capital humano, entre outras. Assim, o objetivo do segundo estudo é verificar os impactos regionais diretos e indiretos, de curto a longo prazo, dos eventos hidrológicos sobre a morbimortalidade por faixas etárias. Para isso, foi construído um painel de dados municipal com periodicidade mensal, de 2000 a 2012, com informações dos desastres e das taxas de mortalidade e morbidade. Os resultados indicam que, em curto prazo, se destacam os efeitos diretos como o aumento dos óbitos em virtude da exposição às forças da natureza e aos afogamentos. Em médio prazo, os impactos positivos se concentram, principalmente, nas taxas de morbidade em decorrência das doenças transmitidas pela água, com impactos relevantes na região Nordeste e sobre as crianças. Porém, dentre as enfermidades de médio prazo a mais crítica é a leptospirose. Essa doença é potencializada pelos desastres, tanto em relação às taxas de internações e atendimentos ambulatoriais quanto das taxas de mortalidade, em grande parte das regiões do Brasil. Já as doenças de longo prazo são pouco afetadas pelos eventos hidrológicos, com reflexos apenas para a morbidade em função da desnutrição na região Nordeste. Portanto, as evidências encontradas nesta tese indicam que os desastres naturais brasileiros demandam atenção, posto que geram uma série de impactos socioeconômicos nocivos no país.