Aplicação do Modelo Matemático para o Cálculo do Risco de Efluentes de uma Mineração de Urânio na Biota de Água Doce

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Potenciano, Nádia Regina Ernesto Pereira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/87/87131/tde-15052024-104339/
Resumo: São recentes as abordagens de radioproteção para além do escopo de proteção da biota não humana frente à exposição à radiação ionizante. Entretanto, a liberação de efluentes de mineração de urânio no meio ambiente causa impactos potencialmente danosos na biota aquática, os quais podem ser calculados a partir de uma avaliação de risco ambiental, realizada com o uso de modelagem matemática, estimando-se o coeficiente de risco. No presente trabalho, foi utilizado o Código Computacional Environmental Risk from Ionizing Contaminants Assessment (ERICA Tool) para estimar o risco de efluentes de mineração tratados da Unidade em Descomissionamento de Caldas (UDC) na biota aquática, a partir da compilação de dados públicos contidos no Relatório Técnico da Comissão das Águas no Planalto de Poços de Caldas, elaborado por um ajuntamento de instituições locais. Esse documento forneceu as concentrações de atividade dos radionuclídeos obtidas em amostras de água do Ponto 05 no Reservatório das Antas, ponto que foi selecionado por estar próximo da interface da mineração de urânio das Indústrias Nucleares do Brasil S/A (INB) UDC com o meio ambiente. A partir da inserção das concentrações médias de atividade no programa ERICA Tool, verificou-se que o rádio-226 apresentou maior contribuição ao quociente de risco (QR) associado aos radionuclídeos analisados. A estimativa dos quocientes de risco para os compartimentos bióticos avaliados no programa demonstrou que larvas de insetos e a comunidade zooplanctônica foram os representantes da biota aquática sob maior risco nas condições avaliadas. Peixes (bentônicos e pelágicos) e fitoplânctons apresentaram valores duas vezes maior que o limite de quociente de risco estipulado (QR = 1), enquanto os crustáceos sobressaíram esse valor em três vezes. Além dos efeitos radiológicos para a biota não humana apontados pelo Código ERICA Tool, características físico-químicas das amostras em questão também podem contribuir para o risco à biota aquática. De fato, foram encontrados valores elevados de concentração de sólidos totais dissolvidos, manganês, alumínio, ferro, íon fluoreto e íon sulfato, quando comparados aos valores limites estipulados pela Resolução CONAMA 357 (2005), os quais podem interferir nos sistemas biológicos, conforme estudos publicados. Com base nos resultados obtidos, sugere-se a revisão do tratamento dos efluentes lançados no meio ambiente por parte do operador, visando a proteção da biota não humana. Propõe-se a inclusão do Código ERICA Tool no escopo normativo brasileiro, uma vez que o Brasil ainda não dispõe de metodologia oficial para o cálculo de dose na biota. Os resultados obtidos neste trabalho mostraram que a aplicação do modelo matemático ERICA Tool deu agilidade e mostrou ser vantajosa em estudos de diagnóstico, para ações de proteção radiológica ambiental da biota não humana. Adicionalmente ao avanço do conhecimento científico, os resultados poderão contribuir para a elaboração de normativas e nas recomendações dos órgãos vigentes, além de serem úteis em ações de licenciamento, monitoração e fiscalização ambiental, bem como no avanço de estudos científicos.