A função discursiva dos pareceres descritivos na comunicação dos resultados de avaliação: um estudo do gênero em uma perspectiva textual-discursiva

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Mengue, Bárbara Vier
Orientador(a): Giering, Maria Eduarda
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Vale do Rio dos Sinos
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada
Departamento: Escola da Indústria Criativa
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://www.repositorio.jesuita.org.br/handle/UNISINOS/8142
Resumo: O objeto de estudo desta dissertação são os questionamentos construídos sobre a função que os pareceres descritivos desempenham na expressão dos resultados de avaliação de estudantes da Educação Básica. A pesquisa analisa sete pareceres descritivos de alunos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio de uma escola de ensino privado da região do Vale dos Sinos. O objetivo geral é verificar a função linguístico-discursiva dos pareceres descritivos na comunicação dos resultados de avaliação dos estudantes. Para isso, descreve-se a situação de comunicação em que os pareceres se inserem e analisam-se marcas linguístico-discursivas do modo como o locutor percebe seu interlocutor, considerando as restrições impostas pela situação de comunicação, bem como os efeitos de sentido que essas marcas podem exercer em seus interlocutores. Valemo-nos dos postulados da Semiolinguística, de Charaudeau (2016), e da Análise Textual dos Discursos, de Adam (2011). Charaudeau analisa o discurso em três níveis, os quais correspondem às competências do sujeito: o nível situacional, o nível discursivo e o nível semiolinguístico. Nosso estudo desdobra-se nesses três níveis para a análise dos pareceres. No nível semiolinguístico, incorporamos a teoria da Análise Textual dos Discursos, valendo-nos das categorias de modalização e dos atos de discurso. As relações contratuais determinam, em parte, as escolhas linguísticas. Na encenação do ato de comunicação, é estabelecida uma relação de influência do locutor sobre o interlocutor, num comportamento alocutivo. O professor estabelece, com seu enunciado, um estatuto de superioridade, mobilizando e organizando categorias da língua para dar conta dessa posição, como o Julgamento, a Injunção, a Sugestão e a Interpelação. Destaca-se o uso constante de modalizadores deônticos, marcadores da injunção, o que pode estar relacionado ao fim discursivo do gênero: um fazer-saber (informar) com vistas a um fazer-fazer (agir). Os pareceres analisados apresentam uma estrutura semelhante, em que predomina a utilização do modo Descritivo de organização do discurso. Observou-se o uso de procedimentos da organização descritiva para nomear, localizar-situar e qualificar. Através desses procedimentos, há uma construção subjetiva de mundo no parecer. Conclui-se que a função linguístico-discursiva dos pareceres descritivos, além de informar, visa influenciar o interlocutor, levando-o a um agir. Os pareceres são escritos para os alunos e, nos anos iniciais, também para os pais/responsáveis. Os pareceres podem servir de resguardo à escola e ao professor, no caso de uma reprovação. Eles são documentos importantes de expressão dos resultados de avaliação, podem favorecer uma avaliação mediadora ou reforçar uma avaliação classificatória. Os aspectos elencados a partir das análises realizadas podem auxiliar as instituições de ensino a refletirem sobre o modo como elaboram seus pareceres, verificando se eles de fato estão coerentes com a proposta pedagógica da escola e embasados em conceitos atuais de avaliação, ensino e aprendizagem