Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2020 |
Autor(a) principal: |
Lange, Evanilde Pereira Salles |
Orientador(a): |
Gaiger, Luiz Inacio Germany |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Vale do Rio dos Sinos
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais
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Departamento: |
Escola de Humanidades
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
http://www.repositorio.jesuita.org.br/handle/UNISINOS/9351
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Resumo: |
Essa tese tem como objeto empírico de pesquisa de campo o assentamento Antônio Companheiro Tavares, no estado do Paraná, propondo-se a compreender como os processos sociais nele observados, incluindo divergências e conflitos, relacionam-se com fatores latentes determinados por sistemas de vida e por formas de economia distintos, coexistentes naquela realidade. O estudo se encontra amparado na obra de Karl Polanyi, sobretudo em sua teoria dos princípios econômicos, quais sejam: reciprocidade, domesticidade, redistribuição e intercâmbio. Além disso, foi inspirado e orientado por trabalhos referenciais de alguns autores, em particular acerca da dádiva, cujo paradigma devemos à obra seminal de Marcel Mauss. Para compreender a realidade do assentamento, examinamos a literatura referente aos programas de Reforma Agrária e ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Para a pesquisa empírica no assentamento, foram utilizados dois instrumentos: de um lado, entrevistas semiestruturadas, aplicadas a agricultores familiares associados e não associados à Cooperativa de Industrialização e Comercialização Camponesa (Coopercam), situada no assentamento; de outro lado, uma coleta de dados por meio da observação direta, incluindo visitas e conversas informais. Constatamos que o movimento tende a desenvolver projetos de cooperativas, imprimindo às mesmas uma lógica de mercado, a qual se choca com outras lógicas, próprias dos agricultores assentados. O estudo de caso demonstra que o projeto de desenvolvimento coletivo do assentamento, nos moldes preconizados pelo MST, não vingou. Os agricultores familiares rejeitaram essa proposta por discordância quanto aos critérios de redistribuição dos lucros, entre outros. No entanto, a razão fundamental diz respeito à vigência do princípio econômico da reciprocidade entre os agricultores familiares, base de sua integração social e econômica local, ao lado do princípio da domesticidade, que organiza a produção e o cotidiano familiar. Compartilhar as coisas é algo que esteve sempre presente entre os assentados: eles realizaram mutirões no início da implantação do assentamento, trocam produtos e favores quando podem, e dispõem de um circuito de cortesias e prestações que se renova ao longo do tempo. A reciprocidade tem assim ocupado um amplo lugar no desenvolvimento das famílias. Por sua vez, a cooperativa é parte essencial do sistema vigente, impondo um sistema de divisão do trabalho, de taxação dos produtos, de organização financeira, além de compromissos assumidos com instituições públicas. Entretanto, essas funções nada mais são do que expressão de um sistema econômico submerso no princípio do intercâmbio. Desse ponto de vista, o estudo empírico também revelou que os princípios econômicos se entrelaçam e, a partir deles, o sistema econômico e social dos agricultores familiares e associados adquire unidade. A lógica do mercado, subjacente ao funcionamento da cooperativa, associa-se a lógicas coletivas incorporadas pelos assentados, de modo a converter a cooperativa, no assentamento em estudo, em um elemento de reforço da reciprocidade e da domesticidade. Tais lógicas, por conseguinte, mostram-se interdependentes. |