Entre o glamour e a marginalidade: a travestilidade no Diário de Pernambuco (1970-1985)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: NASCIMENTO, Anne Raquel da Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural de Pernambuco
Departamento de História
Brasil
UFRPE
Programa de Pós-Graduação em História
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.tede2.ufrpe.br:8080/tede2/handle/tede2/9482
Resumo: Diante dos processos e estigmas que violentaram e invisibilizaram as dissidências de gênero e sexualidade durante o período da ditadura (cis)hétero-civil-militar, e até mesmo antes, nossa discussão se propôs a resgatar a memória das travestis que viveram em Pernambuco e o direito à memória. Desse modo, tivemos a oportunidade de contribuir com a inserção e respeitabilidade dessas corpas numa História que, por muitos anos, foi e continua sendo machista, transfóbica, homofóbica e racista. Esta pesquisa teve como objetivo compreender aspectos relacionados à travestilidade no jornal Diário de Pernambuco e os reflexos das relações entre a sociedade, as dissidências de gênero, a subjetividade e a construção da corporalidade entre 1970 e 1985. Por isso, para formar o nosso corpus, selecionamos reportagens que noticiavam fatos relacionados com a travestilidade, desde a sua marginalização até a exaltação de performances artísticas e comportamentos no geral. O jornal Diário de Pernambuco foi escolhido como cenário dessa trama por, até hoje, ter uma grande circulação no Estado e por alcançar diversos setores da sociedade pernambucana. Sendo assim, encontramos em suas páginas o que seria um espelho do imaginário que vinha sendo construído à época. Consequentemente, para construir o nosso aporte teórico-metodológico, utilizamos nessa pesquisa, dentre outros/as, a historiadora Joan Scott, a filósofa Judith Butler, a pesquisadora e transfeminista Viviane Vergueiro e o filósofo Paul Preciado que desenvolvem os conceitos de gênero, sexualidade e ramificações em suas pesquisas. Já a análise do periódico realizou-se sob a óptica da Micro-História, método de análise desenvolvido pelo historiador Carlo Ginzburg, que consiste na redução da escala de observação. Ao utilizarmos a Micro-História, foi possível analisar os aspectos que, no macro, poderiam passar despercebidos. Por meio dos instrumentais apresentados, verificamos que, por mais que a maioria dos discursos sobre as corpas travestis as colocassem em situação de margem e as tornassem alvos principais da perseguição moral e conservadora, não era mais um “fazer travesti” que estava em jogo, mas um “ser travesti”. A travestilidade desafiava as normas morais e comportamentais ao ocuparem os espaços destinados apenas para os corpos cisheteronormativos.