Travestilidades aprisionadas: narrativas de experiências de travestis em cumprimento de pena no Ceará

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Nascimento, Francisco Elionardo de Melo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=82636
Resumo: <div style="">Esta dissertação discute o aprisionamento de travestis no Ceará a partir de penitenciárias localizadas na Região Metropolitana de Fortaleza e em Sobral. Entendo a prisão não como um espaço isolado da sociedade, mas como espaço poroso no interior de um dispositivo de governo regulando corpos, sexualidades e objetos: um território integrante da sociedade que, historicamente, nega às travestis o direito à cidadania. A análise está ancorada em uma etnografia que, ao longo da sua produção, se tornou multissituada. Preocupado em abordar as condições do aprisionamento de travestis, o campo etnográfico, inicialmente centrado na Penitenciária industrial Regional de Sobral, incluiu ao logo do processo o Centro de Execução Penal e Integração Social Vasco Damasceno Weyne e a Unidade Prisional Irmã Imelda Lima Pontes. Tal ampliação foi decorrente das intensas mudanças provocadas na dinâmica do cotidiano das prisões do Ceará a partir das rebeliões ocorridas em maio de 2016 e da influência das “facções” no interior destas instituições. As discursões são desenvolvidas a partir de intensas interlocuções com pessoas em cenários diversos, tecidas desde o percurso profissional do pesquisador ao trabalho de campo realizado nos múltiplos espaços onde transitam os interlocutores e as interlocutoras. A partir do ingresso nas penitenciárias, ouvindo relatos, acompanhando as atividades do dia a dia, observando as características dos espaços e seguindo as entradas e saídas das interlocutoras na prisão, percebeu-se que cada penitenciária tem diretrizes próprias e distintas uma das outras, a partir das quais as travestis teriam que lidar no decorrer de suas trajetórias como presas: seus “campos de possibilidades” (VELHO, 2013) de recomposição ou de manutenção de suas características travestis impostas pelas contingências do aprisionamento. A análise do conjunto do material etnográfico relevou que a dinâmica institucional e das “facções” interfere diretamente na vida das travestis privadas de liberdade, regulando os fluxos de objetos e signos que foram “performatizados” (BUTLER, 2012) na construção das suas travestilidades e também a manutenção dos relacionamentos com companheiros “da liberdade”. O caráter dessemelhantes das diretrizes institucionais que envolve o encarceramento de travestis materializa, em sujeitos diferentes que vivenciam uma condição semelhante, os parâmetros antagônicos do Estado nos direcionamentos das políticas públicas. Palavras-chave: Prisões. Travestilidades. Fluxos. Rebeliões. Gênero e sexualidade</div>