Avaliação nutricional de pacientes portadores de Hepatite C crônica : perfil antropométrico, dietético e metabólico e seu impacto na presença de fibrose hepática

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Bertani, Juliana Paula Bruch
Orientador(a): Dall'Alba, Valesca
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/110308
Resumo: A Infecção pelo Vírus da Hepatite C (HCV) é caracterizada pela alta taxa de fibrose e cronicidade, além disso, muitos pacientes progridem para cirrose ou ainda, carcinoma hepatocelular. O HCV é considerado um grave problema mundial de saúde pública com um elevado impacto social e econômico. Diversos fatores podem influenciar na progressão da fibrose, tais como: idade superior a 40 anos, sexo masculino, esteatose hepática, resistência insulínica, imunossupressão, atividade necroinflamatória na primeira biópsia hepática entre outros. Estudos demonstram que pacientes com HCV que apresentam mudanças de estilo de vida através da manutenção do peso, alimentação equilibrada além da prática regular de atividade física tendem a melhorar o perfil metabólico, promover a redução da esteatose-hepática e incidência de doença hepática gordurosa não-alcoólica. Porém, ainda existem poucas informações na literatura sobre o estado nutricional e consumo alimentar de pacientes HCV crônicos. O maior entendimento sobre o papel da dieta no curso desta patologia e a sua associação com a presença de fibrose poderá nortear de forma mais precisa a conduta dietética para este grupo de pacientes. Desta forma os autores se propõem a descrever o consumo alimentar, perfil metabólico e o estado nutricional em pacientes portadores do vírus da hepatite C crônicos residentes no Rio Grande do Sul. Foram incluídos 58 pacientes portadores de hepatite C crônica, genótipo 1, 2 e 3, atendidos no Ambulatório de Gastroenterologia – Hepatites (GHE) do Hospital de Clínicas de Porto Alegre no período de 2013 a 2014. Foram excluídos pacientes com cirrose, coinfectados com Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) ou Vírus da Hepatite B (HBV), gestantes e pacientes em tratamento farmacológico ativo. Os indivíduos foram selecionados pelo sistema de agendamento de consultas do hospital. De maneira geral, o grupo de pacientes estudados apresentou IMC (índice de massa corporal) elevado 27,29±3,98 Kg/m² e em contrapartida, os valores de força do aperto de mão estavam diminuídos 28,34±10,52 kgf. A partir do laudo da biópsia hepática pela classificação METAVIR, os pacientes foram divididos em dois grupos. Sem fibrose (F=0) e com fibrose (F=1 a 3). Dentre os 58 pacientes estudados, 39 (67,2%) apresentavam fibrose, sendo mais prevalente o grau F1. Quanto ao consumo alimentar, o grupo com fibrose apresentou valores maiores quanto à ingestão calórica 34,65±11,23 vs 28,84±34,65 Kcal/Kg, ingestão de lipídeos 1,40 (1,01-1,86) vs 1,10 (0,83-1,32) g/Kg e carga glicêmica 221,87 (168,91-307,80) vs 181,01 (140,55-223,45) g (p<0,05). Quanto ao perfil metabólico foram observados valores superiores no grupo que apresentava fibrose referente ao HOMA-IR 3,39(2,44-6,39) vs 2,18(1,60-3,34), Ferritina 378,84±200,13 vs 143,83±33,00 μg/mL, Hematócrito 42,80(39,30-45,80) vs 40,60(38,8-41,50) g/dL e Hemoglobina 14,80(13,90-15,80) vs 13,90(13,20-14,70) g/dL (p<0,05). Demais variáveis não houve diferença estatística (colesterol total, colesterol HDL, Colesterol LDL, triglicerídeos, AST, ALT e GGT). Em conclusão, na amostra estudada, observou-se que pacientes portadores de HCV crônicos, apesar de apresentarem sobrepeso, apresentam estado nutricional comprometido, uma vez que foi demonstrada redução da força do aperto de mão. Ainda, levando-se em consideração a presença de fibrose, pacientes com fibrose consomem mais calorias e gordura, além disso, apresentam pior perfil metabólico, com maiores taxas de resistência insulínica, tais fatores tendem a piorar ainda mais o prognóstico da doença hepática. As evidências que confirmam a associação da infecção crônica pelo HCV com o desenvolvimento de cirrose reforçam a necessidade do diagnóstico precoce da doença e do tratamento dos pacientes com elevado risco de complicações a fim de minimizar a morbidade e mortalidade.