Prevalência de bócio entre estudantes pré-puberais em Passo Fundo : Rio Grande do Sul

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1994
Autor(a) principal: Lisboa, Hugo Roberto Kurtz
Orientador(a): Gross, Jorge Luiz
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/115261
Resumo: O presente estudo foi realizado com o objetivo de avaliar a prevalência de bócio entre escolares pré-puberais na cidade de Passo Fundo-RS. Concomitantemente estudou-se a prevalência de bócio por classe sócio-econômica e a acurácia do método clínico no diagnóstico de aumento da tireóide, utilizando, como padrão ouro, a medida da glândula através do ultra-som. Verificou-se que 10,9% dos alunos apresentavam bócio ao exame clínico. Esta prevalência é compatível com uma endemia de grau leve. A medida do volume da tireóide pela ultra-sonografia, em uma amostra de alunos com e sem bócio, ao exame clínico correlacionou- se significativamente com a superfície corporal. Desta forma, utilizou-se o !ndice ECOSUP que é a razao do volume tireoideano ao ultra-som pela superfície corporal. Para determinação do limite superior da normalidade deste método, foram estudadas 62 crianças sem aumento da tireóide ao exame clínico. Considerou-se como portadoras de bócio as crianças que apresentassem um lndice ECOSUP igual ou maior que 0,62. Este valor representava o percentil 95% deste grupo de estudantes. O método palpatório, quando comparado ao lndice ECOSUP, demonstrou ter uma sensibilidade de 41%, uma especificidade de 95% e um valor preditivo positivo de 27% no diagnóstico de bócio. Esta pouca acurácia foi mais evidente quando foram estudadas os estudantes portadores de bócio do grau Ia, que sao aqueles indivíduos que têm a tireóide somente palpável e, por definição, deveriam ter os lobos da tireóide maiores que a falange distai do polegar. Nestes indivíduos, a sensibilidade do método palpatório foi 16%, a especificidade 94% e o valor preditivo positivo de 14%. A acurácia do exame clínico melhorou quando foram testadas as crianças com tireóides visíveis classificadas nos graus Ib, II e III. Neste grupo, a sensibilidade foi 33%, a especificidade 97% e o valor preditivo positivo 43%. Não foram detectadas diferenças entre as classes sócioeconômicas quando se utilizou o lndice ECOSUP. Através de uma equaçao que pondera teste positivo ou negativo e o valor preditivo positivo ou negativo da palpação observou-se que a prevalência de bócio foi de 8,2% na classe baixa, 7,8% na classe alta e 6,5% na classe média. Predominaram indivíduos com bócio de grau Ia na classe sócio-econômica alta e bócios maiores na classe baixa. Em virtude disto, acredita-se que fatores bociogênicos tenham atuado com mais intensidade na classe sócio-econômica baixa. A partir de projeções dos achados entre os 145 indivíduos que realizaram ultra-som da tiréoide, estimou-se que a prevalência de bócio entre as 1096 crianças estudadas seria de 7,2%. Os dados encontrados neste estudo sugerem que exista uma endemia leve de bócio nesta região do estado e que seria importante a dosagem do iodo urinário, testes da função e avaliação da presença de anticorpos contra a tireóide. Concluiu-se que o exame clínico é um método inacurado para determinação da prevalência de bócio em uma região, devendo-se utilizar métodos mais precisos como a ecografia. Além disso, verificou-se que há uma prevalência significativa de bócio na região de Passo Fundo cujos fatores patogenéticos necessitam ser ainda determinados.