Estudos evolutivos em marsupiais didelfídeos dos gêneros Cryptonanus, Gracilinanus e Marmosa (Didelphimorphia: Didelphidae) usando dados morfológicos e moleculares

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Nascimento, Daiane Chaves do
Orientador(a): Fagundes, Nelson Jurandi Rosa
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/265144
Resumo: Os marsupiais neotropicais formam uma comunidade de pequenos mamíferos de grande importância no equilíbrio dos ecossistemas sul-americanos. Sabe-se que algumas dessas espécies possuem uma marcada estrutura genética espacial, com diferentes linhagens genéticas ocorrendo em diferentes porções de suas distribuições. Assim, o presente estudo busca aprofundar o conhecimento sobre a variação genética e morfológica de espécies de marsupiais didelfídeos para entender sua origem, estrutura populacional, bem como avaliar a existência de novas linhagens genéticas em áreas pouco estudadas. A tese está composta por três manuscritos, cada um abordando um dos gêneros de marsupial investigado neste estudo: Cryptonanus, Gracilinanus e Marmosa. O objetivo geral do trabalho foi compreender os processos evolutivos responsáveis pela diversificação em nível genético e morfológico em marsupiais didelfídeos na América do Sul. Para Cryptonanus as árvores filogenéticas construídas a partir de dados moleculares de dois genes mitocondriais, Cytb e COI, foram essenciais para identificar de maneira não-ambígua os seis espécimes avaliados neste estudo, dois dos quais mostraram-se como uma nova linhagem mitocondrial de Cryptonanus agricolai para o Nordeste do Brasil, no cerrado maranhense, em uma localidade onde não havia registro da espécie. No caso de Gracilinanus, utilizamos ferramentas biogeográficas e de genética de populações para entender a distribuição geográfica dessas espécies ao longo dos últimos milhões de anos. A origem do gênero foi datada para o Mioceno médio, quando as espécies começaram a se diversificar para suas distribuições atuais. Uma abordagem comparativa entre G. agilis e G. microtarsus sugeriu evidências de expansão populacional recente (~21.300 anos atrás) para G. agilis, que habita florestas secas, mas não para G. microtarsus, que ocorre na Mata Atlântica brasileira. Esse resultado sugere que enquanto G. microtarsus foi mais resiliente à provável redução da cobertura florestal ocorrida durante os ciclos glaciais do Pleistoceno, G. agilis foi exposta a uma maior instabilidade ecológica, principalmente no bioma Caatinga. Para o gênero Marmosa, analisamos dados craniométricos de M. (M.) murina e M. (Micoureus) spp. buscando identificar diferenças na forma craniana em diferentes contextos ecológicos (Floresta Amazônica, Mata Atlântica e Diagonal aberta). Em geral, as análises de variação canônica para cada uma das vistas cranianas (dorsal, lateral e ventral) indicaram diferenças significativas entre grupos ecológicos para ambos os subgêneros, sendo as duas principais diferenças entre Floresta Amazônica vs. Mata Atlântica, e entre o sul vs. norte do rio São Francisco, na Mata Atlântica. Os resultados mostram que os padrões históricos de fragmentação ambiental parecem mais importantes para explicar a variação morfológica em Marmosa e Micoureus do que processos adaptativos associados às características ecológicas gerais de cada bioma.