A mídia enquanto produtora de subjetividades : uma análise do discurso sobre trabalho e pessoas trans

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Martins, Bruno Luís de Oliveira
Orientador(a): Antonello, Cláudia Simone
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/224865
Resumo: Os discursos sobre pessoas trans e travestis premeiam diferentes aspectos de suas vidas, sujeitando-as a determinadas regras para adequação a uma norma ilusória presente na sociedade, constituindo também suas identidades a partir do que é falado sobre elas. A mídia desempenha papel de dispositivo pedagógico, sendo um campo social e legítimo, responsável por veicular e disseminar grande parte dos discursos. A mídia exerce poder sobre quem fala e produz saberes e efeitos de verdade nos discursos veiculados. Considerando a importância da mídia na produção de subjetividades, o presente estudo tem por objetivo compreender de que modo o dispositivo mídia atua na produção de subjetividade de pessoas trans, tendo como foco os discursos acerca do trabalho. Em termos metodológicos, procedeu-se uma análise preliminar de 26 notícias, que resultaram em um corpus de análise de 56 trechos de notícias extraídas do jornal “Zero Hora” e da revista “Exame” que continham discursos acerca de trabalho e pessoas trans e travestis. Ancorada na perspectiva foucaultiana, foi utilizada a análise do discurso como ferramenta para abordar os trechos selecionados. Os discursos identificados giram em torno das trajetórias de mulheres trans e travestis e das barreiras e obstáculos enfrentados na busca por oportunidades laborais; das pessoas trans e travestis que estão no mercado de trabalho formal, que compartilham suas experiências, como a contratação e a vivência nas organizações; das iniciativas e projetos ligados à diversidade e à inclusão. As pessoas trans aparecem como enunciadoras, através de entrevistas e espaços nos quais podem compartilhar suas experiências, vivências e opiniões. Evidenciou-se que o dispositivo mídia é uma instituição que possui posição e legitimidade para decidir como a história será contada, sob qual perspectiva e através de quais sujeitos e discursos. Os enunciados constituidores desse dispositivo recorrem a discursos da ordem da legalidade e da normalização. A subjetividade das pessoas trans e travestis produz-se com base em discursos de que para exercer sua dignidade precisam estar empregadas e de que sua capacitação sempre é insuficiente. Há empresas abertas à diversidade e à inclusão de pessoas trans, que revisaram políticas e benefícios, mas poucas efetivamente têm essas políticas implementadas. A produção de subjetividade ocorre de maneiras específicas, com regras determinadas, reproduzindo práticas que se constituem como verdades. Os enunciados em circulação prescrevem caminhos a serem seguidos. Torna-se importante reforçar o senso crítico frente às notícias. Esta pesquisa contribui com a análise não somente da inserção de pessoas trans e travestis no mercado de trabalho, mas revela também a restrita discussão e a implementação de ações, por parte das organizações, que visem a sua permanência nos postos de trabalho. Evidencia-se a necessidade de encontrar formas alternativas para pesquisar aspectos importantes do trabalho e da área da Administração; para refletir acerca de como a mídia expõe os discursos sobre as pessoas trans e os impactos sobre elas e sobre as organizações.