Potencial papel de fatores genéticos nos sintomas da dispepsia funcional : estudo caso-controle

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Ferri, Marcelo Kneib
Orientador(a): Mazzoleni, Luiz Edmundo
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/202688
Resumo: Sintomas dispépticos de dor ou desconforto na região epigástrica afetam de 15 a 40% da população adulta dos países ocidentais e são responsáveis por até 8% das consultas em nível de assistência primária de saúde. Os custos da dispepsia para a sociedade são substanciais. A maioria dos pacientes dispépticos não apresenta anormalidades anatômicas ou bioquímicas que justifiquem os sintomas e são classificados como portadores de dispepsia funcional (DF). A fisiopatologia da DF é complexa e pode envolver alterações na motilidade gastroduodenal (capacidade reduzida de acomodação gástrica, hipomotilidade antral), hipersensibilidade gástrica e duodenal, alterações no funcionamento do eixo “cérebro-intestino”, fatores psicossociais e alterações gástricas causadas pela infecção do Helicobacter pylori. Associação familiar pode existir e alguns autores consideram que características genéticas podem ter papel na etiologia da DF. A serotonina ou 5-hidroxitriptamina (5- HT) e o receptor 1 do neuropeptídeo S (NPSR1) podem modular funções motoras e sensoriais gastrointestinais, e é possível que alterações dos genes que codificam a 5- HT e o NPSR1 possam estar envolvidos na fisiopatologia da DF. Sendo assim, o objetivo desse estudo foi avaliar o papel de polimorfismos nos genes HTR3E e NPSR1 na suscetibilidade à DF, bem como avaliar sua associação com os sintomas da DF. Para isso, foram avaliados pacientes com DF segundo os critérios do Consenso Roma III e indivíduos saudáveis sem sintomas gastrointestinais. Os sintomas dispépticos foram avaliados com questionário validado (PADYQ) e todos os pacientes dispépticos realizaram endoscopia digestiva alta. A genotipagem de polimorfismos nos genes HTR3E e NPSR1 foi realizada através da reação em cadeia da polimerase em tempo real (RT-PCR), utilizando sondas alelo-específicas TaqMan®SNP Genotyping Assay (Applied Biosystems). Ao todo foram avaliados nesse estudo 197 pacientes com DF e 210 indivíduos controles assintomáticos. A idade média do grupo de pacientes dispépticos foi de 47,8 ± 11,9 anos, e 82,2% (162/197) eram mulheres. Os indivíduos assintomáticos do grupo controle tiveram idade média de 47,1 ± 11,1 anos, e 83,3% (175/210) eram mulheres. O escore médio do PADYQ no grupo dos pacientes dispépticos foi de 22,4 ± 7,6 e no grupo de indivíduos controle foi de 0,8±1,9. Com relação às frequências alélicas do polimorfismo rs56109847 A/G do gene HTR3E, o alelo G apresentou frequência de 96,7% nos pacientes dispépticos e 96,9% nos indivíduos controles (p= 0,878). Quanto ao polimorfismo rs6972158 G/A do gene NPSR1, o alelo A apresentou a frequência de 66,6% nos pacientes dispépticos e de 66,5% nos indivíduos controles (p=0,983). Não foram observadas diferenças significativas nas frequências genotípicas dos polimorfismos dos genes HTR3E e NPSR1 entre pacientes dispépticos e indivíduos controles. De forma similar não foram observadas diferenças significativas nas pontuações de sintomas de DF entre os diferentes genótipos dos polimorfismos analisados. Dessa forma, foi possível concluir que os polimorfismos estudados dos genes HTR3E e NPSR1 não foram associados com a DF. Embora com resultados negativos, a análise desses dois fatores genéticos no presente estudo, pode ter contribuido na seleção de marcadores com potencial relação com essa complexa doença. Novos estudos, avaliando outras variantes genéticas, poderão contribuir para o melhor entendimento e tratamento da DF. Palavras-chave: dispepsia funcional, receptor de serotonina 3E, receptor 1 do neuropeptídeo S, polimorfismos genéticos, sintomas gastrointestinais.