Saneamento aplicado em saúde e produção animal : etnografia, triagem da atividade antibacteriana de plantas nativas no sul do Brasil e testes de avaliação do decocto de Hypericum caprifoliatum Cham. e Schlecht. - Hypericaceae (Guttiferae) - ("escadinha"/"sinapismo") para uso como desinfetante e antisséptico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2002
Autor(a) principal: Avancini, Cesar Augusto Marchionatti
Orientador(a): Wiest, Jose Maria
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/278758
Resumo: Buscando garantir a manutenção ou o restabelecimento das condições sanitárias microbiológicas dos ambientes de saúde e de produção animal, propôs-se verificar se extrações vegetais de plantas consideradas medicinais pelo conhecimento tradicional/popular podem ser usadas na qualidade de desinfetante ou antisséptico. Pretendeu-se, assim, indicar que extrações destas plantas podem ser um recurso alternativo ou complementar aos antimicrobianos de origem sintético-laboratorial. Como marcos de referência deste trabalho, levou-se em consideração os princípios do desenvolvimento sustentável e da tecnologia apropriada e apropriável socialmente. Através da metodologia de etnografia rápida, recorrendo aos conhecimentos de uma especialista tradicional/popular no assunto saúde (humana e animal) e em plantas medicinais, foi verificada a existência de um complexo conhecimento do mundo natural, de práticas e matéria médica hoje não convencionais à Medicina Veterinária. Através da organização de um quadro etno-nosológico de enfermidades de pele selecionou-se 35 plantas nativas no sul do Brasil, que foram triadas quanto à propriedade de atividade biológica antibacteriana. O método para avaliar a bioatividade das extrações vegetais foi o de diluição, modificando as técnicas em uso e confrontando as soluções extraídas com oito diluições logarítmicas dos inóculos, ao invés de uma única e elevada dose infectante. A triagem com o teste do sistema de tubos múltiplos, tendo como indicadores uma bactéria Gram-positiva e uma Gram-negativa, na proporção 50 g de planta para 1.000 ml de solvente, na forma decocto, sete delas apresentaram alguma intensidade de atividade de inibição ou inativação, ao passo que, na forma de extrato hidro-alcoólico etílico evaporado e hidratado, 22 delas foram ativas. Onze plantas não apresentaram qualquer atividade antibacteriana. A coincidência entre a indicação de uso tradicional e a avaliação do ponto de vista moderno ocorreu para 69 % (24) das plantas, reforçando a etnografia aplicada à obtenção de conhecimento tradicional como um instrumento importante na descoberta de recursos em saúde. Para aprofundar o estudo, o decocto de Hypericum caprifoliatum Cham. e Schlecht. – HYPERICACEAE (GUTTIFERAE) - ("escadinha" / "sinapismo") foi escolhido para ser submetido a uma série de testes desinfecto/antisseptogramas. Ele apresentou atividade biológica sobre organismos Gram-positivos, manifestando ação bacteriostática e bactericida frente a nove amostras (três gêneros e cinco espécies) deste grupo. Das amostras confrontadas, apenas uma, entre as isoladas de situação-problema "de campo", mostrou resistência ao decocto. Referenciado pelo composto biocida convencional iodofór, o decocto apresentou médias de intensidades de atividade de inibição e inativação mais altas (exceto para uma amostra bacteriana). Os testes de suspensão simulando ambientes sujos com a presença de 20 % de soro bovino e de 20 % de leite integral indicaram sua melhor atividade em ambientes limpos, e que para aumentar a intensidade de ação antibacteriana frente a essas matérias orgânicas precisa proporções do decocto maiores do que 100 g da planta para 1.000 ml de água. Confirma-se, assim, o atributo antibacteriano conferido tradicionalmente ao gênero botânico Hypericum caprifoliatum, sugerindo-se a possibilidade de utilização de seu decocto como desinfetante e antisséptico em determinadas situações-problema sanitários, relacionando-o aos agentes transmissíveis e aos fatores matéria orgânica e suporte estudados.