Nenhum olhar e Cemitério de pianos, de José Luís Peixoto : a sagrada escritura transfigurada

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Silva, Natália Ubirajara
Orientador(a): Tutikian, Jane Fraga
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/155996
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo verificar o papel das Sagradas Escrituras na conformação dos romances Nenhum olhar (2005) e Cemitério de pianos (2008), do escritor português José Luís Peixoto. A premissa é de que, em ambas as obras, o diálogo com o texto bíblico é determinante para o processo interpretativo. Após um levantamento da fortuna crítica do romancista e da proposição de um diálogo entre Bíblia e Literatura no âmbito acadêmico, introduzem-se elementos básicos da organização das narrativas, de acordo com os conceitos de fábula e trama, de Boris Tomachevski. A partir da teoria de Gérard Genette, os romances de Peixoto são tomados como hipertextos das Escrituras, numa perspectiva transposicional e paródica. Tendo em vista a aproximação entre os romances e a Bíblia, os principais aspectos da hermenêutica agostiniana são apresentados, a fim de subsidiar a análise das obras. A imagética explorada por José Luís Peixoto em suas narrativas é igualmente analisada sob essa perspectiva, reconhecendo nos romances a bipolaridade bíblica entre mundo apocalíptico e demoníaco e a atualização questionadora de uma série de imagens icônicas do paradigma judaico-cristão, com destaque para a imagem da família. A estrutura reiterativa dos romances é igualmente analisada, num diálogo com a concepção tipológica e escatológica do tempo na Bíblia e com a noção de repetição, de Søren Kierkegaard. O resgate de elementos do hipotexto bíblico, transpondo-os por meio da paródia a novos contextos, problematiza a visão de mundo cristã e as respostas que esta dá aos questionamentos da pós-modernidade.