Seguimento farmacoterapêutico em pacientes internados por exacerbação de doença pulmonar obstrutiva crônica em um hospital terciário no sul do Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Silva, Juliane Fernandes Monks da
Orientador(a): Moreira, Leila Beltrami
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/119443
Resumo: Introdução: O seguimento farmacoterapêutico (SFT) é uma metodologia dentro do cenário da atenção farmacêutica desenvolvido para ser aplicado em casos de doenças crônicas, com maior grau de complexidade. A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) acomete milhões de pessoas em todo mundo, gerando incapacitação ao trabalho e atividades diárias, além de muitos gastos ao sistema de saúde. Metanálise de 14 estudos que avaliaram a intervenção farmacêutica em pacientes ambulatoriais com DPOC mostrou que o serviço farmacêutico comparado ao atendimento usual melhora adesão ao tratamento bem como reduz internações hospitalares e gastos em saúde, sem resultados positivos na melhora da qualidade de vida. Objetivos: Descrever a metodologia de um programa de SFT adaptado a partir do Método Dáder e avaliar a eficácia para pacientes internados por exacerbação de DPOC em um hospital terciário sobre o número de hospitalizações, atendimentos emergenciais por exacerbação da DPOC, consultas médicas em função da doença, em comparação com o atendimento usual. Os objetivos secundários foram avaliar a qualidade de vida, problemas relacionados à farmacoterapia e mortalidade. Delineamento: Ensaio clínico randomizado em paralelo e não cegado. Métodos: Pacientes internados por exacerbação de DPOC foram rastreados pelo sistema eletrônico do hospital, de julho de 2012 a maio de 2014, conforme a prescrição de medicamentos utilizados no tratamento da doença, com confirmação do diagnóstico em prontuário. Critérios de exclusão: comorbidade de mau prognóstico, incapacidade de comunicação, doença psiquiátrica, permanência exclusiva no setor de emergência. Após assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido (GPPG 11-0452), os participantes foram randomizados para o grupo intervenção e controle. Na linha de base foi aplicado questionário para coleta de dados sócio-demográficos. Os questionários de qualidade de vida foram aplicados na linha de base e após 30-45 dias da alta. Três farmacêuticas foram treinadas para realizar visitas durante a hospitalização e acompanhamento por contato telefônico por doze meses após a alta. Eram obtidos dados de saúde e farmacoterapia antes da internação e ao longo deste período. Após a alta, foram obtidas informações sobre a adaptação no retorno para casa, atentando a mudanças que poderiam ter ocorrido durante este processo. Dessa forma era possível realizar uma avaliação global do estado de saúde, que permitiriam a elaboração de um plano de cuidado individualizado ao paciente acompanhado. Os dados foram analisados no PASW Statistics 18. Foi utilizada análise por intenção de tratar. Resultados: Oitenta pacientes foram acompanhados ao longo de doze meses e 50% foram alocados para o grupo intervenção. Entretanto, 68 pacientes foram analisados (36 para o grupo intervenção) em função de exclusões que ocorreram após a randomização. A amostra se caracterizou predominantemente por homens (60,3%), com idade média de 67 ±8 anos, renda de até um salário mínimo. A carga tabágica foi de 72,7 ± 35,7 maços-ano, 19,7% eram tabagistas ativos e a maioria apresentava obstrução grave ou muito grave de via aérea. Não houve diferença entre os grupos intervenção e controle em relação às taxas de pacientes atendidos em função da doença para reinternação (65,6% vs. 55,6%; P=0,397), atendimentos emergenciais (40,6% vs. 25%; P=0,169) e consultas médicas (90,6% vs. 80,6%; P=0,242), assim como para qualidade de vida, respectivamente. Foram encontrados 576 PRF, 65% relacionados à efetividade da terapia, com 64,3% das causas relacionadas a falhas na equipe e no sistema de saúde. Conclusão: O SFT permite que o farmacêutico tenha uma visão holística do individuo, identificando possíveis causas de problemas relacionados à farmacoterapia, que impedem o paciente de cumprir com a prescrição e com todas as orientações necessárias para obtenção de resultados clínicos e humanísticos positivos. Entretanto, a implementação do SFT não se mostrou eficaz em nosso cenário. A gravidade da doença, as más condições de vida dos pacientes e as falhas na estrutura e processo do sistema público podem explicar a falha em alcançar resultados clínicos e humanísticos positivos, mesmo com um serviço farmacêutico especializado.