Bioerosão em foraminíferos planctônicos : estudo de caso no Quaternário tardio na Bacia de Pelotas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Frozza, Cristiane Fraga
Orientador(a): Pivel, Maria Alejandra Gómez
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/265885
Resumo: Os foraminíferos planctônicos são os microfósseis mais utilizados em reconstruções paleoceanográficas. Apesar disso, estudos das suas interações tróficas ainda são raros, principalmente aqueles específicos sobre predação. Traços de bioerosão caracterizados por furos são os registros mais frequentes nas testas e podem indicar não apenas predação, mas também parasitismo. Os fatores ambientais que controlam a bioerosão ainda não são compreendidos. Desta forma, o objetivo do presente trabalho foi determinar quais variáveis paleoambientais e paleoceanográficos influenciam as taxas de bioerosão em foraminíferos planctônicos. Para isto, foi realizado um estudo de caso no Quaternário tardio (<41 mil anos) da Bacia de Pelotas. O mesmo se baseia na análise de 50 amostras do testemunho SAT048A coletado no talude continental (29°11'52,110"S 47°15'10,219"O) a 1542 m de profundidade. Análises de isótopos estáveis de O e C e de composição da fauna foram utilizadas para reconstruir as condições paleoceanográficas, com foco em indicadores de paleoprodutividade (δ¹³C, abundância relativa de foraminíferos bentônicos, razão Globigerina bulloides/Globigerinoides ruber). Por outro lado, foram contabilizadas as frequências de testas com traços de bioerosão, verificando sua morfologia para distinguir os traços de origem biótica dos causados por dissolução. Através da análise de agrupamentos foram identificados dois grupos distintos de amostras de acordo com as associações de foraminíferos planctônicos. O primeiro grupo engloba as amostras correspondentes ao Holoceno e o segundo, que pôde ainda ser subdivido em dois, as amostras do intervalo glacial. Os traços de bioerosão foram encontrados em 21 das 25 espécies identificadas e as taxas, que variaram de 8,84% a 16,7%, se revelaram diferentes entre os grupos e subgrupos, com maior intensidade no glacial. Com a diferenciação das frequências de bioerosão entre os grupos identificados na análise de agrupamento, foi possível observar como as flutuações paleoceanográficas deste período foram determinantes para a bioerosão. A correlação positiva entre as taxas de bioerosão e os indicadores de paleoprodutividade sugerem que a bioerosão é mais frequente em condições eutróficas, sendo inibida em condições dominantemente oligotróficas dominadas pela influência da Corrente do Brasil. No entanto, mesmo com uma forte correlação da bioerosão com a produtividade, existe também uma correlação negativa com a temperatura superficial do mar na área de estudo. Dado que as condições que promovem uma maior produtividade são acompanhadas por uma diminuição da temperatura superficial, a distinção precisa entre a influência de ambas as variáveis é dificultada. O aprofundamento da pesquisa sobre bioerosão em estudos futuros permitirá avaliar o potencial das taxas de bioerosão como ferramenta em análises paleoceanográficas.