Resumo: |
Empatia se refere às reações de um indivíduo às experiências observadas de outro. Definida como um construto multidimensional que abarca elementos cognitivos - capacidade intelectual de processar e compreender a perspectiva do outro – e elementos emocionais - a sensibilização emocional pela situação de outra pessoa. No campo da saúde, caracteriza-se pela capacidade do profissional em entender a situação, a perspectiva e os sentimentos do usuário, comunicar esse entendimento e verificar sua precisão, agindo de forma terapêutica de acordo com esse entendimento. Inúmeros estudos já demonstram os benefícios de uma relação empática entre o profissional de saúde e o usuário atendido. No entanto, os estudos que procuram investigar a empatia focam ou na empatia autorreferida do profissional ou na empatia percebida do usuário, sendo que pesquisas abarcando ambas as perspectivas são escassas. Da mesma forma, variáveis que podem mediar essa relação, como o estresse ocupacional – elemento presente no cotidiano do profissional da saúde – ainda carecem de investigação. Assim, o objetivo geral do estudo foi investigar se haveria congruência entre a empatia autorreferida de enfermeiras(os) e a empatia percebida pelo usuário e o impacto de variáveis sociodemográficas e contextuais do ambiente de trabalho. Para atender a este objetivo também foi necessário confirmar as propriedades psicométricas da medida de empatia percebida pelo usuário usada na pesquisa. O capítulo II descreve o estudo psicométrico com a coleta de 166 respondentes ao instrumento Consultation and Relational Empathy – CARE – instrumento utilizado para avaliar a percepção do usuário sobre a empatia do profissional. Observou-se que os resultados condizem com a medida original, apresentando estrutura fatorial unidimensional, com alta confiabilidade interna e validade convergente com índices de satisfação do usuário. Apresenta, assim, bons índices psicométricos e pode ser utilizada em pesquisa com enfermeiras(os) da Atenção Primaria a Saúde. O capítulo III investiga a congruência entre empatia autorreferida do profissional e a empatia percebida do usuário. Participaram do estudo 36 enfermeiras(os), com idade média de 35,5 anos (DP = 6,28) e 166 usuários com idade média de 38,5 anos (DP = 16,73). Constatou-se não haver associação direta entre a empatia autorreferida e a empatia percebida pelo usuário. Entretanto, usuários perceberam o profissional como mais empático na medida que este apresenta menores níveis de estresse ocupacional. Outras variáveis, como raça, nível socioeconômico, nível educacional também parecem influenciar a forma como o usuário percebe a empatia do profissional. |
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