O risco de malignidade tireoidiana de acordo com a classificação do American College of Radiology Thyroid Imaging Reporting and Data System (ACR-TIRADS) em pacientes pediátricos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Scheinpflug, Anita Lavarda
Orientador(a): Zanella, André Borsatto
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/280791
Resumo: Embora os nódulos tireoidianos sejam incomuns em crianças e adolescentes (1-2% de prevalência), a população pediátrica apresenta maior risco de malignidade comparativamente aos adultos (20% versus 5%). A ultrassonografia de tireoide é o principal exame de imagem na avaliação de nódulos tireoidianos e diversos sistemas de escore ultrassonográficos para predição de malignidade já foram propostos. Neste contexto, o American College of Radiology Thyroid Imaging Reporting and Data System (ACR-TIRADS) é um sistema de estratificação de risco ultrassonográfico amplamente utilizado e validado para nódulos de tireoide em pacientes adultos; no entanto, sua acurácia diagnóstica em pacientes pediátricos permanece incerta. O objetivo do presente estudo foi avaliar o desempenho diagnóstico do ACR-TIRADS em uma coorte retrospectiva de pacientes com até 18 anos de idade com nódulos tireoidianos acompanhados em um hospital terciário brasileiro. Os dados do ACR-TIRADS foram extraídos de registros de imagens por dois radiologistas com ampla experiência em imagens da tireoide. As taxas de malignidade e benignidade foram definidas com base em resultados de exames citológicos, confirmação histológica e/ou estabilidade das características e tamanho dos nódulos durante o follow-up com acompanhamento ultrassonográfico. Nossa coorte foi composta por 58 pacientes, totalizando 65 nódulos. A maioria dos pacientes era do sexo feminino (70,7%), com idade média de 14,0 ± 3,4 anos e 27,5% apresentavam pelo menos um fator de risco para câncer de tireoide. A taxa de malignidade encontrada foi de 20,7% (n = 12). Em relação ao ACR-TIRADS, obtivemos dados adequados para avaliação retrospectiva da imagem de 49 pacientes, constituindo 56 nódulos tireoidianos, assim classificados: 8 nódulos ACR-TIRADS 1 [TR1 (14,3%)], 18 nódulos ACR-TIRADS 2 [TR2 (32,1%)], 15 nódulos ACR-TIRADS 3 [TR3 (26,8%)], 7 nódulos ACR-TIRADS 4 [TR4 (12,5%)] e 8 nódulos ACR-TIRADS 5 [TR5 (14,3%)]. Com o objetivo de avaliar a concordância interobservador na classificação ACR-TIRADS, foi calculado o coeficiente kappa de Cohen, obtendo-se um valor de kappa marginal livre de 0,86 [intervalo de confiança (IC) de 95%: 0,75; 0,97]. Todos os nódulos TR1, TR2 e TR3 eram benignos, e todos os oito casos de câncer de tireoide originaram-se dos grupos TR4 e TR5, resultando em taxas de malignidade de 14,3% e 87,5%, respectivamente. Os nódulos TR5 exibiram um risco 8 relativo estimado de câncer de tireoide de 46,5 (IC 95% 7,7–281,1), em comparação aos nódulos TR1-TR4. A classificação TR5 apresentou valor preditivo positivo de 87,5%, valor preditivo negativo de 97,9%, sensibilidade de 87,5% e especificidade de 97,9% para detecção de neoplasia da tireoide. Não identificamos um ponto de corte do tamanho do nódulo para predição de malignidade – area under the receiver operating characteristic curve (AUC) de 0,58 (IC 95% 0,38–0,80). Apesar da relativa pequena amostra e da sua natureza retrospectiva, nosso estudo demonstrou que a classificação de risco ACR-TIRADS é uma ferramenta útil na avaliação e estratificação de risco de nódulos tireoidianos na população pediátrica, apresentando taxas de malignidade similares à população adulta, com a exceção de que os nódulos TR5 apresentaram taxa de malignidade maior do que a observada em adultos (estimada em >20%). Nossos resultados estão de acordo com dados prévios evidenciando que o tamanho do nódulo não é um fator significativo na predição de malignidade, ressaltando a maior relevância dos fatores de risco clínicos e das características ultrassonográficas do nódulo em detrimento do seu maior diâmetro.