A história que nos contam : socialização política e representações sobre a ditadura militar nos livros didáticos brasileiros

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Costa, Maíra Pereira da
Orientador(a): González, Rodrigo Stumpf
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/276326
Resumo: Esta tese investiga a persistência de valores autoritários e a nostalgia da ditadura militar no Brasil, apesar de mais de três décadas de regime democrático. A hipótese central é que a forma como a memória social do passado autoritário é abordada no ensino contribui para a constituição de valores autoritários e uma nostalgia da ditadura, especialmente no contexto da representação oficial presente nos livros didáticos de história do Brasil. O estudo se concentra no papel da educação e dos livros didáticos de História do Brasil como instrumentos de socialização política, analisando como a ditadura militar (1964-1985) é retratada no período pós-redemocratização. O objetivo é entender a relação entre cultura política e memória social no contexto brasileiro, especialmente no que tange à formação e manutenção de atitudes políticas autoritárias. O trabalho adota uma abordagem metodológica mista, utilizando análise de conteúdo de livros didáticos e dados quantitativos do World Values Survey para identificar tendências na cultura política brasileira. A análise se concentra em três dimensões: a natureza do regime, a representação dos militares e a dimensão econômica do regime. Um achado notável é a evolução na representação do golpe de 1964 e do regime militar em livros didáticos: termos como "golpe" e "ditadura militar" substituem gradualmente descrições mais neutras ou eufemísticas, refletindo uma narrativa histórica mais crítica. Além disso, observa-se uma mudança da abordagem individualizada dos presidentes militares para uma perspectiva coletiva, focando no conjunto dos militares no poder. Paralelamente, a crítica ao desenvolvimento econômico durante a ditadura foi sendo relativizada, com livros didáticos mais recentes retratando aspectos positivos da gestão econômica do regime. O estudo conclui que a forma como a ditadura militar é representada nos livros didáticos de História do Brasil tem implicações significativas para a cultura política do país. Esta representação, que tanto pode perpetuar quanto desafiar os legados autoritários, influenciando as atitudes e percepções dos estudantes em relação à democracia e ao autoritarismo, ainda é marcada por consideráveis continuidades em relação ao passado autoritário. A pesquisa contribui para uma compreensão mais profunda de como a educação histórica nos livros didáticos configura a consciência política e histórica dos estudantes, afetando suas percepções do passado e suas atitudes no presente.