Micro-organismos marinhos como fonte de metabólitos bioativos: atividade anti-trichomonas vaginalis, antibiofilme e antibaceriana

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Senger, Franciane Rios
Orientador(a): Tasca, Tiana
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/148116
Resumo: Nos últimos anos, os metabólitos isolados de fungos marinhos vêm ganhando considerável atenção em razão de possuírem estruturas químicas únicas com diversas atividades biológicas já descritas, incentivando novas pesquisas na área. A tricomoníase é a doença sexualmente transmissível (DST) de origem não viral mais comum no mundo, estando associada a sérias consequências à saúde, sendo relatado um aumento no número de isolados clínicos resistentes ao tratamento de escolha. Infecções causadas por bactérias com diferentes mecanismos de resistência, representam um grande desafio para a saúde pública atual, acarretando em altas taxas de mortalidade e morbidade. As bactérias patogênicas dispõem de fatores de virulência, como a formação de biofilme, que agravam infecções tornando-as persistentes. Devido ao potencial biológico dos produtos de origem marinha e a importância dessas infecções, o objetivo deste estudo foi avaliar a atividade anti-T. vaginalis, antimicrobiana e antibiofilme de moléculas obtidas da fermentação de fungos associados a organismos marinhos. As 14 cepas fúngicas foram isoladas de esponjas e corais marinhos, obtidos da costa do estado de Alagoas, Brasil. Após produção do metabólito, o micélio foi separado do meio. O micélio foi extraído com metanol e o meio com acetato de etila. As frações foram submetidas aos ensaios de atividade anti-T.vaginalis, antimicrobiana e antibiofilme (inibição da formação e erradicação). As frações que demonstraram atividade foram submetidas ao ensaio de hemólise, avaliação da citotoxicidade (HMVII e Vero) e toxicidade em modelo de Galleria mellonella. A fração que demonstrou os melhores resultados nos ensaios de atividade foi submetida ao fracionamento bioguiado. As frações orgânicas dos fungos Aspergillus niger (FMPV 03) e complexo Trichoderma harzianum/Hypocrea lixii (FMPV 09) foram ativas frente ao T. vaginalis ATCC 30236, com valores de MIC de 2 mg/mL e 1 mg/mL, respectivamente. Quando investigadas, essas frações mantiveram a atividade frente ao isolado clínico resistente ao metronidazol (TV-LACM2R), apresentado os mesmo valores de MIC encontrados para o isolado ATCC. Para a atividade antimicrobiana, as frações orgânicas do Aspergillus niger (FMPV 03), Aspergillus tubingensis (FMPV 06), complexo Trichoderma harzianu/Hypocrea lixii (FMPV 09) e Aspergillus sydowii (FMPV 10) foram ativas contra S. epidermidis ATCC 35984. Ainda, frente a P. aeruginosa ATCC 27853 somente as frações orgânicas do Aspergillus niger (FMPV 03) e Aspergillus tubingensis (FMPV 06) demonstraram atividade. Neste ensaio, para ambas as bactérias, os valores de MIC não ultrapassaram 1,5 mg/mL. A atividade destas frações também foi observada frente às mesmas bactérias no ensaio de antiformação de biofilme, já que ocorreu a morte das células. A habilidade de erradicar biofilmes foi detectada somente para a fração orgânica do fungo Aspergillus flavus (FMPV 01), o qual foi capaz de remover 52% do biofilme já formado de S. epidermidis ATCC 35984. A ausência de hemólise dos eritrócitos foi observada em todas as frações ativas estudadas. Na avaliação da citotoxicidade in vitro frente às linhagens celulares HMVII e Vero, apenas a fração orgânica do Aspergillus niger (FMPV 03), não apresentou efeito citotóxico. No entanto, no ensaio de avaliação da toxicidade in vivo, nenhuma das amostras testadas causou redução na sobrevivência das larvas de Galleria mellonella. Então, a fração orgânica do fungo Aspergillus niger (FMPV 03) foi submetida ao fracionamento bioguiado utilizando coluna RP-18. Sete frações foram obtidas, sendo que a primeira (100% água), foi ativa contra T. vaginalis, S. epidermidis e P. aeruginosa. Quando submetida à Cromatografia em Camada Delgada (CCD), demonstrou quatro bandas que foram coradas com anisaldeído-ácido sulfúrico e ninhidrina. Além disso, a fração 100% água não demonstrou redução da sobrevivência das larvas de Galleria mellonella, nas três concentrações testadas. Portanto, a gama de atividades relatadas corrobora o potencial dos fungos marinhos na produção de moléculas bioativas.