O que a sociedade cala a escola fala : violência intrafamiliar de estudantes a partir dos olhares de professoras/es de uma escola do campo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Barros, Pauline Silveira de
Orientador(a): Witt, Neila Seliane Pereira
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/279076
Resumo: Discutir a escola, seu currículo e seus sujeitos, talvez seja considerado por muitos pesquisadores uma questão esgotada, devido a quantidade de reflexões a seu respeito, mas também pode ser uma questão de políticas públicas, que sob um olhar mais atento aos professores, onde muitas vezes são colocados como para-choques social, absorvendo e buscando mitigar os impactos de diversas adversidades enfrentadas por seus alunos. Essa função é especialmente significativa em contextos de vulnerabilidade social, onde crianças e adolescentes podem estar expostos a uma variedade de desafios, incluindo circunstâncias de violência intrafamiliar. Violência essa, que sempre existiu, que representa uma forma de violação dos Direitos Humanos, não conhecendo fronteiras geográficas, culturais ou socioeconômicas, tornando-se um problema global que exige atenção e estratégias de superação que se fazem urgentes. A pesquisa em questão teve como principal objetivo compreender a violência intrafamiliar narrada pelos estudantes de uma escola do/no campo, através do olhar de professoras e professores, busquei entender como estes educadores estão preparados para lidar com esta realidade, identificando as lacunas e as principais dificuldades enfrentadas pela escola. Para me auxiliar no processo de pesquisa, utilizei o seguinte problema de pesquisa: “Quais as percepções de professoras/es de uma escola do campo acerca da violência intrafamiliar narrada por suas/seus estudantes?”. Os participantes da pesquisa são educadoras e educadores de uma escola do campo, localizada na zona rural do município de Viamão/RS. Busquei compreender as narrativas e as práticas pedagógicas que se dão em uma escola do/no campo a partir de uma perspectiva pós-crítica dos estudos culturais em que articulei os pensamentos de Foucault, Larrosa, Guacira Louro, Paula Ribeiro, Rosa Fischer, Veiga-Neto, Sandra Mara Corazza e outros. Os caminhos percorridos por essa pesquisa, nos levou a perceber, as dificuldades e as especificidades de ser e estar professora em uma escola do/no campo, realidade esta que vai muito além de desempenhar uma simples profissão, que o ato de estar em sala de aula diariamente, com aquelas/aqueles alunas/alunos nos atravessa e nos coloca não somente como profissionais, mas como seres humanos de frente com situações que nos escapam, nos limitam e por assim, nos ferem pelos limites, que apesar se serem até certo ponto para nossa proteção, também nos deixam de mãos atadas, causando sentimento de impunidade, de frustração e de impotência, quando nos deparamos que as narrativas/pedidos de socorro de nossas alunas e alunos e muitas vezes não conseguimos solucionar. Também permitiu encontrar elementos essenciais à construção da compreensão das particularidades que permeiam uma escola do/no campo e suas dificuldades comparadas às escolas urbanas, pois nelas as relações interpessoais são muito próximas, intensificadas pela complexidade de uma comunidade pequena e todos se conhecem, por isso aqui vamos nos referir a ela com um microuniverso, onde os entrevistados se sentem desconfortáveis quando se percebem vizinhas ou vizinhos daqueles que devem denunciar, eis que estes fazem parte de seu contexto social. Outro fator importante encontrado é o adoecimento dos professores ao conviver com estas realidades que não se resolvem, com esses discursos de proteção que não se cumprem, enquanto o quadro se arrasta e se agrava, uma vez que foi apontado por eles a complexidade do diálogo com as famílias, pois nem sempre recebem a reação esperada e, em muitos casos, a mãe acaba se tornando mais um problema a se resolver, pois muitas vezes se colocam ao lado do agressor e descredibilizam a vítima, fazendo com que ela seja vista como mentirosa, causando o prolongamento das situações e contribuindo significativamente ao intensificar os impactos sob o desenvolvimento emocional, social e cognitivo, gerando traumas muitas vezes irreversíveis.