A violência sexual infantil intrafamiliar e o enfrentamento materno.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: FREITAS, Kelly Bianchi
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação
Brasil
UFTM
Programa de Pós-Graduação em Psicologia
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://bdtd.uftm.edu.br/handle/123456789/1591
Resumo: Violência sexual intrafamiliar configura-se como todo ato ou jogo sexual, relação hétero ou homossexual, entre um ou mais adultos (parentes de sangue ou afinidade e/ou responsáveis) e uma criança ou adolescente, tendo por finalidade estimular sexualmente uma criança ou adolescente ou utilizá-los para obter uma estimulação sexual sobre sua pessoa ou outra pessoa. Diante da revelação do abuso sexual infantil, as mães experimentam na maioria das vezes sentimentos conflituosos como raiva, ciúmes, medos. Buscou-se assim, compreender o impacto da violência sexual e o modo como às mães enfrentam ou significam as situações socioemocionais subsequentes à vitimização sexual intrafamiliar de seu filho(a). Trata-se de dois estudos exploratórios de abordagem qualitativa, utilizou-se da abordagem do materialismo histórico dialético. Foram entrevistadas mães que tiveram seu (sua) filho (a) violentado(a) sexualmente por alguém com quem a criança tenha vínculo de parentesco ou afinidade. Os participantes do estudo 1 são mães de crianças vítima de violência sexual intrafamiliar, ocorrida e notificada em até 72h, acompanhados pelo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Os participantes do estudo 2 são mães de crianças vítimas de violência sexual intrafamiliar, ocorrida e notificada em período superior à 72h acompanhada pelo Centro de Atenção Psicossocial Infantil. Ambos realizados em uma cidade do interior de Minas Gerais. O instrumental para apreensão de dados foi uma entrevista individual, semiestruturada, com o objetivo de investigar, aspectos sociais, culturais e buscar a compreensão do significado da experiência vivida pelos sujeitos/participantes e o posicionamento diante do enfrentamento da situação em entrevistas agendadas. No estudo 1 a apreensão de dados limitou-se a duas participantes devido à dificuldade de acessos as mães nas primeiras 72 horas da última ocorrência da violência sexual e no estudo 2 a apreensão de dados foi considerada satisfatória quando houve a saturação teórica. Foram critérios de exclusão casos de violência extrafamiliar, comprometimentos físicos e intelectuais graves e não aceitação do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Para interpretação e análise dos dados, utilizou-se os procedimentos preconizados por Bardin (2011). Para tanto, três etapas foram seguidas para o processo de análise de conteúdo: pré-análise, descrição analítica e interpretação inferencial. Dos resultados destacam-se que um sofrimento que não é unicamente da violência sexual propriamente dita, mas que somada a isso, geram grande sofrimento como o luto pela desintegração familiar, vergonha, julgamentos, medo, impotência. Constatou-se o sofrimento materno proveniente desta situação de violência, de todo um contexto que vai desde o impacto da revelação, processo de denúncia e submissão aos acompanhamentos médicos. As famílias vivenciaram e vivenciam dificuldades, e apesar das adversidades diferirem em cada contexto, evidencia-se que a violência sexual infantil intrafamiliar precisa ser vista, para além da família, para que assim possa chegar a intervenções individuais micro sociais. Intervenções as quais demanda acompanhamento por profissionais capacitados e políticas públicas específicas.