Cinema, infância e criação: como as crianças surdas se relacionam com as imagens

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Raugust, Mayara Bataglin
Orientador(a): Marcello, Fabiana de Amorim
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/218599
Resumo: O tema central desta tese é a relação e os significados construídos entre a experiência visual da criança surda e a imagem, especificamente a imagem cinematográfica. Com isso, toma-se como objetivo desta investigação caracterizar os modos pelos quais as crianças surdas se relacionam com as imagens e o que elas têm a dizer sobre essas imagens, por meio de uma experiência singular de olhá-las. Para tanto, este trabalho precisou, primeiramente, constituir o conceito de infância surda para poder pensar as relações possíveis entre criança surda e imagem. Para compor a discussão sobre uma infância surda e poder dinamizá-la teórica, metodológica e analiticamente, foram criadas três categorias inseparáveis entre si, quais sejam, a criança surda como sujeito do olhar; a criança surda como sujeito da enunciação; a criança surda como sujeito da ética. Essas três categorias derivam: tanto de pressupostos teórico-metodológicos da pesquisa ligados à relação entre elementos que envolvem a produção do sujeito (do olhar, da linguagem e da ética), considerando o arcabouço teórico escolhido, qual seja, foucaultiano e 9jud-hubermaniano; como de um levantamento realizado sobre as pesquisas produzidas, nos últimos anos, no campo que liga surdez e infância; e as discussões produzidas pelo campo da Sociologia da Infância. A pesquisa ocorreu em uma turma de crianças surdas, de oito a doze anos, em uma escola de surdos da cidade de Pelotas – Rio Grande do Sul. As oficinas foram realizadas entre os anos de 2017 e 2018, totalizando 12 encontros, além das reuniões com a escola, pais e/ou responsáveis e com as crianças. Foram realizadas sessões de cinema com as crianças, oportunizando uma experiência estética a elas, através de diversos filmes de curta, média e longa-metragem. O objetivo das oficinas tratava-se de que em cada encontro fosse possibilitado o contato das crianças surdas com as diferentes imagens, deixando com que elas se relacionassem, interagissem entre si, e que pudessem trazer um pouco das suas experiências com as imagens. Analiticamente, as oficinas com as crianças demostraram que: 1) que o corpo da criança surda é tomado como extensão do seu olhar, na relação com a imagem, desencadeando uma ação performática que leva olhar e corpo a significarem a imagem. Destaca-se também que o olhar da criança compreende uma relação entre entendimento e criança, no sentido de que assistir um filme contempla outras configurações do que, de fato, se denomina entender um filme: 2) a partir do conceito de imagem desenvolvido por Didi-Huberman, compreende-se que para o estabelecimento de um diálogo com a imagem, por vezes, a criança necessita da companhia do outro, seja ele o companheiro de filme, a pesquisadora, a professora, ou si mesmo enquanto um outro; e 3) que a relação com a imagem (esta entendida e configurada como um outro, a partir das discussões que Foucault estabelece sobre a figura do outro)necessita de um desprendimento do olhar e do próprio pensamento da criança surda, com vistas ao questionamento, ao movimento. Esse desprendimento permitiu, portanto, uma relação ética com a imagem, a partir da tomada de posição, de que nos fala Didi-Huberman, levando as crianças a uma relação diferente com a imagem. Tais elementos discutidos no texto caracterizam singularidades relativas à infância surda no que diz respeito a seus modos de ver. Palavras-chave: Infância Surda. Cinema. Imagem. Ohar.