Imagens educativas do cinema/possibilidades cinematográficas da educação

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Medeiros, Sérgio Augusto Leal de lattes
Orientador(a): Freitas, Maria Teresa de Assunção lattes
Banca de defesa: Teixeira, Inês Assunção de Castro lattes, Clareto, Sônia Maria lattes, Ferrari, Anderson lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Educação
Departamento: Faculdade de Educação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/1755
Resumo: Este trabalho é fruto de uma pesquisa de doutorado realizada no Programa de Pós Graduação em Educação da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora com o objetivo de investigar as implicações do cinema no processo formativo dos estudantes. A relação entre cinema e educação é historicamente marcada por práticas educativas que utilizam o cinema como instrumento didático, recurso audiovisual com linguagem/objeto decodificável, e/ou identificado como vetor de ideologia. Considerando o cinema como enunciação estética e com implicações no processo formativo dos sujeitos, emerge a questão referente à educabilidade das imagens tendo em vista as especificidades da arte cinematográfica. Para Deleuze, assim como para Cabrera, as imagens são uma modalidade do pensamento, e o pensamento relativo às imagens não é exclusivamente intelectual, pois leva em conta o afeto que veicula. Assim, a linguagem imagética não está fundada na noção de um sistema de regras ou códigos, mas, como ensina Bakhtin, nas relações dialógicas dos signos em contextos enunciativos. Indagando sobre o olhar cinematográfico e suas implicações na educação da (pela) sensibilidade, e de que modo as imagens do cinema podem favorecer a construção de um olhar sobre o humano escapando dos enquadramentos massificantes e do pensamento representacional, em 2010, foi iniciada uma investigação empírica com alunos do curso de Pedagogia da Faculdade de Educação da UFJF que, em certo sentido, contraria a tendência majoritária nas pesquisas educacionais com o tema cinema-educação, que tem nos alunos ou professores da escola básica seus sujeitos preferenciais. A criação do projeto CINEDUCA, na Faculdade de Educação da UFJF, pelo grupo de pesquisa Linguagem, Interação e Conhecimento (LIC), em 2010, foi o lócus para as investigações empíricas. A proposta do projeto era criar espaço para se pensar com o cinema, ampliando o exercício da recepção fílmica com a criação de um ambiente em que os espectadores pudessem partilhar suas experiências no movimento do olhar, de modo a olhar as imagens fílmicas de dentro delas, atravessando sua transparência, indo além daquele senso comum que coisifica as imagens, naturaliza-as e delas se apropria interpretando-as de acordo com o véu da rotina. Com os enunciados dos sujeitos que participaram do CINEDUCA foram construídas zonas de significação indicando que, quando se trata de levar o cinema para um espaço acadêmico e educacional, os sujeitos/espectadores naturalmente esperam uma fruição diferenciada, vinculada a uma intencionalidade supostamente referente a um objetivo educativo. No caso do CINEDUCA emergiram duas acontecências: o espaço de visionamento e a ideia de espectatura criativa, indicando que, com as imagens fílmicas, os sujeitos/espectadores se colocam diante do filme com leituras de mundo que lhes são próprias, apesar de aceitarem o olhar da câmera que também lhes desvela outras leituras. As imagens do cinema, por meio dos efeitos que provoca, promovem uma interação entre o cognitivo-inteligível e o afetivosensível do espectador. Dessa forma, não é apenas o sujeito cognitivo que se senta no banco na escola ou na poltrona para assistir a um filme, mas é também o sensível que necessita estar em um constante despertar, colocando novos desafios que atuem como filtros prazerosos no contato com o mundo, estimulando seu desejo de saber. Mais que um aprendizado sobre o cinema como território inusitado de construção de saberes, o que fica indicado nos enunciados dos sujeitos desta pesquisa é a possibilidade de uma educação da sensibilidade com o cinema desafiando para projetos educativos que problematizem e penetrem na ordem discursiva nãoverbal presentes em diferentes suportes visuais. Sob esse ponto de vista, o cinema desestabiliza a pedagogia ancorada no senso que toma a imagem como portadora de sentido monolítico a serviço da ilustração de discursos verbais e passível de interpretação e decodificação. As questões que emergem deste trabalho se apresentam mais como um desafio à reflexão sobre as imagens do cinema reconhecendo os efeitos que ela produz no sentir, pensar e agir humano.