Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Pereira, Gabriela Magalhães |
Orientador(a): |
Schuh, Artur Francisco Schumacher |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
|
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: |
|
Palavras-chave em Inglês: |
|
Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/266562
|
Resumo: |
INTRODUÇÃO: A doença de Parkinson (DP) apresenta distribuição universal, incluindo todos os grupos étnicos e socioeconômicos, como um distúrbio neurodegenerativo altamente prevalente. No entanto, existem vários desafios adicionais para as pessoas que vivem com DP em países em desenvolvimento, principalmente, aqueles com baixo nível socioeconômico. Há acesso limitado a cuidados neurológicos no Brasil devido a uma distribuição desigual de neurologistas e instalações neurológicas que é mais crítica nas regiões mais pobres do país. Além disso, as pessoas nessas comunidades vulneráveis estão mais expostas à poluição ambiental, incluindo pesticidas e metais usados na agricultura e mineração, respectivamente. Dados confiáveis sobre a prevalência e incidência da DP no Brasil são essenciais para entender a proporção desse acesso limitado aos cuidados de pacientes com DP, sua carga na região e o potencial papel dos fatores de risco ambientais e de estilo de vida na DP. Infelizmente, há poucos dados epidemiológicos sobre DP na América Latina, incluindo o Brasil, com evidente necessidade de mais informações em suas regiões notavelmente diferentes. OBJETIVO: avaliar a prevalência de casos de DP e outras síndromes parkinsonianas em uma amostra de base populacional na região sul do País. MÉTODOS: trata-se de um estudo de base populacional realizado no município de Veranópolis, Rio Grande do Sul, Brasil. Todas as pessoas com 60 anos ou mais (N = 3493 pessoas, de acordo com o censo do IBGE de 2010) foram rastreadas para sintomas parkinsonianos e suspeita de distúrbio comportamental do sono REM (RBD); os selecionados foram examinados por pelo menos um Neurologista especialista em Transtornos do Movimento para determinar o diagnóstico de DP ou transtornos relacionados. Todos os participantes selecionados foram submetidos a avaliações clínicas e entrevistados com o auxílio de um questionário abrangente sobre dados clínicos e sociodemográficos, sintomas prodrômicos, bem como exposições ambientais e de estilo de vida, incluindo uso ocupacional e não ocupacional de pesticidas e metais pesados. A prevalência de DP e distúrbios relacionados foi estimada de acordo com a idade, sexo e zona de moradia. Uma análise exploratória foi realizada para determinar a associação de DP e cada variável investigada. RESULTADOS: Foram triados 3470 idosos na etapa inicial do estudo, 1471 foram triados positivamente para suspeita de parkinsonismo e/ou RBD. Foram avaliados 701 pelos neurologistas para confirmação diagnóstica. Esta tese está apresentada com três artigos. Artigo 1: “Epidemiology of Parkinson’s disease in low- to upper middle-income countries: a systematic review and meta-analysis”. Nesta revisão sistemática o objetivo foi determinar a prevalência da DP em países de baixa a média renda. Observamos que a 6 prevalência da DP diferiu entre as regiões do mundo e variou de 49 por 100.000 (África Subsaariana) a 1.081 por 100.000 (América Latina e Caribe). Houve uma prevalência crescente de DP com o avanço da idade. A prevalência entre homens e mulheres foi semelhante. Encontramos um aumento na prevalência da DP em populações com maior PIB per capita em 5 anos e maior expectativa de vida. Artigo 2: “Prevalence and incidence of Parkinson's disease and other forms of parkinsonism in a cohort of elderly individuals in Southern Brazil: protocol for a population-based study”. Neste artigo, foi apresentado o protocolo utilizado para a realização deste estudo em detalhes, incluindo o protocolo para o estudo paralelo de incidência da DP que será estimada a partir do seguimento em cinco anos dos participantes prodrômicos. Artigo 3: “Prevalence of Parkinsonism and Parkinson's disease in the elderly population in Southern Brazil: A community-based study”. Neste artigo, a prevalência estimada de parkinsonismo foi de 3,8% (IC 95%, 3,19 – 4,50), sem diferenças entre os sexos em todas as idades, e a prevalência de DP foi de 1,64% (IC 95%, 1,25 – 2,12). A prevalência geral de DP foi maior em homens (2,17%, 95%IC: 1,49 – 3,06) do que em mulheres (1,25%, 95%IC: 0,81 – 1,84; p = 0,047). A análise de subgrupo mostrou diferença significativa entre os sexos apenas na faixa etária de 70-74 (p = 0,017) e 75-79 (p = 0,016) anos. Não houve diferenças significativas nas taxas de prevalência de DP entre áreas urbanas e rurais. CONCLUSÃO: Em países de baixa renda ou em desenvolvimento, a prevalência de DP foi maior do que o esperado, superando as estimativas fornecidas pelo Global Burden of Disease (GBD) para países com baixo índice sociodemográfico. Foi demonstrado que há uma menor prevalência de DP identificada na faixa etária acima de 70 anos, quando examinando dados de regiões desenvolvidas globalmente. Avaliando uma cidade no sul do Brasil (Veranópolis, RS), as estimativas de prevalência de DP e parkinsonismo são inferiores às prevalências encontradas em estudo realizado na população de uma cidade da região Sudeste do Brasil (Bambuí, MG) e parecem ser comparáveis às prevalências encontradas em populações de países desenvolvidos. Considerando que Veranópolis possui um alto índice de desenvolvimento humano (IDH), consideramos que esse seja um dos principais fatores que possam explicar esse achado. Outra explicação é o lapso temporal de quase 20 anos que separam os dois estudos. |