Dinâmicas do conhecimento e a emergência de novidades na agricultura de base ecológica no litoral norte do Rio Grande do Sul

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Pettenon, Lauren da Silva
Orientador(a): Marques, Flávia Charão
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/132938
Resumo: Produzir novidades conjuga inúmeros processos de aprendizagens, envolvendo cognições diversas, além de dinâmicas identificáveis como processos de construção de conhecimento. Este trabalho, à luz da Perspectiva Orientada ao Ator e da Perspectiva Multinível identifica novos sentidos dados às práticas cotidianas por agricultores familiares e outros atores sociais do rural; que abrem espaço para a emergência de processos inovadores relacionados à agricultura de base ecológica. A interface dessas duas perspectivas aponta um conjunto analítico que sugere que as transformações tecnológicas são, acima de tudo, transformações sociais.As limitações do modelo de desenvolvimento linear e homogêneo, proposto a partir da década de 1950,implicaram numa série de crises de cunho social e ambiental, amplamente percebidos nas comunidades rurais do mundo e do Brasil. Acerca deste cenário, tais problemáticas foram identificas nas encostas e vales de morros do Litoral Norte, mais precisamente pelas restrições de uso do bioma Mata Atlântica, a partir dos anos 1990, através do estabelecimento de Unidades de Conservação (UC) na região. Este controle efetivo dos órgãos ambientais corroborou para o processo de evasão das zonas de encostas pelos agricultores. Concomitantemente a isso, neste período, também, que se acirram as críticas acerca dos impactos do modelo de desenvolvimento produtivista moderno. Assim, a preservação como o uso da floresta faz parte do discurso das entidades ambientalistas presentes na região do Litoral Norte. Essa discussão leva a pensar que ações para conservação ambiental implicam necessariamente em incluir as comunidades locais. Os grupos que não se adequaram ao processo desenvolvimentista e/ou às normas ambientais passaram a se sentir desamparados e, de certa forma, iniciaram uma busca de formas para a superação da crise. O estudo de caso formado por quatro famílias inseridas no Vale de Três Forquilhas no Litoral Norte do RS, juntamente com a observação prévia em um período de pesquisa exploratória, que identificou aproximadamente 30 famílias de agricultores ecológicos, compreenderam o recorte empírico da pesquisa realizada a partir de metodologias qualitativas com viés etnográfico. Este trabalho teve o objetivo de compreender como a ação e a interação social contribuem para os processos de aprendizagem relacionados à emergência de novidades na agricultura de base ecológica no Litoral Norte do Rio Grande do Sul. Nesse sentido, foi identificado que a emergência de novidades está relacionada à articulação entre técnicos das ONGs, da extensão rural e agricultores; e que existe um processo de aprendizagem e de mudanças de comportamento associado a dinâmicas de internalização, recombinação,socialização e externalização do conhecimento. Portanto, a agricultura de base ecológica no Litoral Norte, entendida com uma novidade, uma vez que rompe com os padrões do regime dominante (a agricultura convencional), gera uma série de novidades decorrentes. Duas delas foram evidenciadas, sendo a introdução dos Sistemas Agroflorestais e o estabelecimento do OPAC – Litoral Norte como resultado de ações em rede. Tais novidades estão intimamente relacionadas à contextualização local do conhecimento. Uma análise crítica levanta a necessidade de ampliar o compromisso de organizações de P&D com processos contextualizados localmente para a geração de conhecimento e, assim, também com o desenvolvimento rural.